Pular para o conteúdo principal
Andava com ela mesma, pensando na vida e nas suas tristezas. Carregava o pacote de comida do amanhã ainda quente. Lembrava dos momentos aqueles que se tem um dia só. Só uma vez. Cada dia um só momento de uma vez. Foi então dobrando a esquina, e vendo os rostos alegres e marotamente coloridos, condizentes com a época do ano. Não sorriu pra ninguém, eram sorrisos fáceis demais. Leves demais. Sorrisos sem fundos. Que não pagavam os impostos da retribuição. Contribuir com eles com sua única companheira? Solidão é bom só. Então que olha pro chão, desviando mais um sorriso e acaba o vendo: poderia ter sido o grande amor da vida, poderia ter sido o salvador da noite, o homem da casa de alguém, porém apenas chora como gaita, uma rouquidão faminta. E neste momento se esvazia dos pesares, e o vento leva ela ao seu ato bondoso e que nunca será lembrado por ninguém mais. Ela saí dali com a lembrança do cobertor sujo, das mãos surradas ao receber mais que um pacote, passou ao homem também seus pesares esperando que se transformassem finalmente na solução de um mundo, do seu mundo. De um mundo que não pertencerá mais a ninguém.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Esteira

Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.

Romântica

Eu sou romântica  Com meu amor Esperando no quarto em fronte com taças e castiçais  Não sou aquela romântica Quando eu vejo atravessar ao longe na rua segurando mãos com sua alma gêmea e eu vejo por distância  você caminhando para longe dela E desaparecendo Nos meus sonhos

Não somos amigos

 Eu não consigo ser tua amiga. Eu juro, tentei. Eu prefiro ser nada. Aliada a mim. E eu gosto das lembranças. E eu gosto daqueles momentos, tão tranquilos. E tu engoliu a voz. Buscou paz. E eu, observo aqui, contente por ti. Tu merece toda paz do amor tranquilo. E eu? Eu aqui, imagino, se poderia ter sido.