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Mostrando postagens de março, 2021

Um princípio de direito

 Me anime, me anime, me beije, me corteje, me ame, me use, me usurpe, me sujeite a ser sua. Era louca, era má, era mulher nenhuma, era a Judite, a Carliana, a Viviane e a Walkiria. Eram todas que era só apenas elas, mas todas elas, também suas eram. Me jogou um copo, me traiu pelo descaso, me disse o contrário, me esqueceu em propósito. Disse ainda que eu inventava, que eu era imaginativa e impulsiva! Eu, que logo de cara, sou tudo. Sou simples, sou louca, sou biruta, batuta, um capacho que humilde tu pode pisar... E amanhã bem cedo, simplesmente busco uma nova roupa, touca ou balacubaco para me entreter, pois minha verdade tu não me tira. Eu sou o que eu quiser ser.  Me julgue, me adore, me ame, me deixe, mas não me peça mais respostas que nem eu mais sei. A vivência destrói os corações frágeis. Um tanto de dor, de desamor e mais amor. Ora, pois, somos tão humanos, não? Ontem, tu viu a foto dela? Ela sempre se achegará de ti, até tu cortar laços de fato... Não existe amizade que dure

No lugar verde

 Eu não posso mais seguir um risco calculado. Nem posso estar naquele lado seu, pois ele não me cabe mais.  Um som adentrava sua mente. Um som de violão sendo dedilhado suavemente, como naquele domingo que sentávamos no parque verde, cheio de pessoas sorridentes. Aquele parque verde. Teu olhar era meu favorito sol. Eu me adentrava nele e tudo se tornava imensidão... e me perguntava, como eu poderia ser tão sortuda de merecer isso? O que eu fazia de especial para merecer tudo isso? E eu me adentrava cada vez mais naquela mata verde, que brilhava todos os tons de verdes possíveis... e você era meu favorito naquele mar verde. E sem você me guiando até aquela pedra, eu jamais teria descoberto o meu peito e minha maior dor. E tampouco o que é de fato amar. E não, não te amei. Não como deveria. Eu estava perdida em mim, e tu não sabia... nem eu saberia até este momento que reflito. E me fui levando junto na correnteza, que também verde, morri.

Os afogados

Você seria perfeita se tivesse usado aquele vestido amarelo que eu te dei. Aquele amarelo bonito que tu fica bem. Acordei cedo hoje, acho que eram cinco da manhã, mas sinceramente achava que estava por uma inundação completamente afogado... Eu acredito que tu me levou a me afundar, por que tu foi ali aquela noite?  Ontem eu pensei em te mandar mensagem, querida, mas acredito que tudo foi por água abaixo. Acho que estou afogado. Acredito que a água que me pesa a cabeça tomou conta do meu cérebro e agora, ao invés de sentir, eu apenas passo pela vida. Eu falhei miseravelmente. Eu admito. Ontem mesmo, quando abri os olhos, com pretos intensos no meio deles, pensei que queimaria cada pedaço que era possível visualizar. Acho que meus olhos vermelhos foram feitos para combinar com os teus castanhos... Que cores de marés turvos tu tens... e me lembra das ressacas...  Me afoguei em ti. E agora, luto ou me deixo levar?

Divagante

Me diga... quanto anos se passaram desde que fomos para aquelas estrelas? Não sei, poderiam ser anos e meses e milhares de tempos. Você a encara como se já a conhecesse há anos... fechando os olhos a sente próximo, peito com peito, coração com coração. Ouve sua respiração ofegante, sente como se os abraços nunca dados fossem escapar por sua mente divagante... divaga. Eleva seu corpo sobrenatural, se desprende do físico apenas para encontrar aquele almejado encontro de almas. Não esqueceu de nada? Pergunta-se. Olha para si mesmo e vê uma paz em sua face. Talvez estivesse morto, talvez apenas dormindo, mas de qualquer modo, continua sua trajetória cósmica. Até a encontrar. Assim que a encontra uma explosão acontece. São terremotos entre mundos. Duas coisas tão díspares finalmente se unem e criam o novo. A alma de um é o espelho do outro. Brincam entre si, sorriem. Há uma estrutura montada como em Roma. Uma luz dourada os persegue, onde vão, ela ilumina os caminhos para ambos. Eles não ma

Um pouco cedo?

" uhmm...". Pensa. - me sente agora? Não vou me esconder, neném, nem vem e nem chega. Vou me perder por um beco sem saída, fingir que o mundo não enlouqueceu e cantar larari&lararós até o dia acabar. Sim! Sou louca, doida e má, mas quando acordo ainda sou a pessoa que só teve que tomar dois ou três comprimidos para chegar sã ao fim da vida. Não, não, neném, amanhã tu vai me ouvir! Vem cá, pega minha mão e me leva até o topo da montanha, lá onde o leão encontrou a caça pro dia sem fim e me devora.

Não, Nessie

Os olhos dele eram tristes. Azuis de um profundo céu nunca visto. Agora ele me encara novamente. Sinto seus olhos lúcidos por meu corpo. Não era para soar sensual, mas ele não consegue me ver sem me devorar. E então ele me toca apenas ao me olhar. As pálpebras estão baixas, como não querendo mesmo assumir o que sente. O vejo e o chamo, ele levanta a cabeça, mas ainda parece encabulado. Tento aproximar a cadeira, o vento bate minhas costas e me dá um arrepio ao mesmo tempo que ele pensa que começou o jogo: "vou ir hoje te pegar e te consumir inteira". Dou risada. Tu pode me avisar quantas vezes quiser, mas teus braços estarão sempre longe de mim. Não deixarei tu me capturar. Serei difícil, mais que um dia pensaste possível. "não, tu irás apenas tornar tudo divertido." Dou risada do atrevimento. Levanto minha saia até a altura dos joelhos, faço um nó, me sinto uma monstra preparada para entrar no lago, uma Nessie próxima ao ponto fatal dentro daquele mar azul. Ele me

A valsa de Senhor Ninguém

Sinto tua falta, tão desesperadamente, intensamente, como nunca antes. Sinto muito, meu bem, por ter te levado tão seriamente... eu sinto muito mesmo, pois eu sou assim, mas te conformo: eu era desde o começo uma simples criança. Um começo. Um lenço branco e amarelo no pescoço, feito um nó que agarra a garganta, esperançosa por te ver um dia, desamarrar os nós... e enfim, tu poder me ver inteira, sem nada me cobrindo, com meu corpo a mostra, como aquela pinta única que tu beijaria, como aquele ponto próximo ao meu pescoço te dissesse, me tenha... como nunca teve... e me deseje... como nunca antes fora capaz... e me desfaleça... até um ponto bastar.

A tua imaginação limita

Hoje me sento,  bem de fronte para o céu e vôo pelos telhados cinzas Olhando caras redondas Esbranquiçadas pupilas Esperando os problemas Acabarem-se por fim Serem reais Novamente, naquela vida Uma vida que era boa A vida que ficou lá Na imaginação E sim, talvez Um dia entenderemos Como podia O instinto começar A ser uma viagem Que nunca vira poeira Real...

Onde estamos

 Hoje tu não é um estranho e eu não sou uma esquecida. Hoje eu sou teu amor e tu é meu mundo. Somos hoje um inteiro silêncio de paz. E vivo hoje a olhar teu dedo me direcionando até tocar meu nariz. E hoje meu ar ficou cheio de estrelas e teus olhos não pesaram antes de dormir. Hoje assoprei uma ou outra vela para tu celebrar nossos supostos anos naquele lindo Lugar Algum. E fomos lá viver nossas esperanças para a eternidade não nos culpar por termos desperdiçado sonhos e levezas. Foi bobeira minha, tu disse, mas eu só queria paz. E dessa paz a gente carrega a bandeira branca para não esquecer que tudo começou como uma pena em meio a papéis que não foram bem dobrados. Mas nossas bolhas nos carregaram por aquela guerra épica de almas perdidas e memórias incontroláveis de dor e desilusão. Somos tão perfeitos e nos encaixamos tão bem... tu ainda lembra? Tu me olhou na minha íris caramelo e disse que ela era bonita. Hipnotizante. E tu vinha com teu ver olhar a me carregar pela mata densa.

Desconhecido futuro, lá vou

Era uma aula de algumas horas: havíamos vivido tudo que tínhamos a ofertar um ao outro. Estávamos desertos há pelo menos um mês e não se dizia uma palavra.  - Eu nem te conheço, mas aquela noite parecia que éramos feito um para o outro.  Acordei de ressaca.  Não bebi. Não fumei. Nem tenho tido muitos vícios. Só o pensamento que aprisiona meus sentidos. Eu acho que estou sentido novamente... aquele ar atemporal que tudo se repete no ciclo do mundo. Um dia estamos lá em cima, no outro, descemos verdadeiramente para o centro da terra. Ar e água, que sou eu se não um aquário transparente guardando uma pérola que ninguém vê? Decidi pôr umas cortinas por cima. Assim, talvez, nenhum curioso será capaz de espiar através de mim novamente. Chega de curiosos e aventureiros, eu digo. E assim convenço-me que é isso de fato que sigo buscando.  Ele me olhou com olhos de rubis, mas me tirou do eixo com a cor do céu. Acho que vou morrer no instante que ele me abraçar. E há tanto não sinto esse aperto..

Endurecida

Vou enjoar novamente. A vida e o teu passado dizem isso: tu vais vomitar como nunca antes. Uma semente está plantada, de nove em nove meses nasce algo novo. Não se pode esperar tanto, não fosse esse caminho já de espera... tu estaria além daquele mar. Levantou a cabeça, segurou a borda daquela lata, sua cabeça tonteava. A beleza daquilo que se foi: eu confiava nas cores do alimento, da paixão. Agora a dor tomou conta como um arco-íris sem fim. Primeiro vou limpar essa dor. Ah sim, vou me elevar com canções bonitas. Vou limpar o banheiro, vou largar tudo, esquecer de todos. E esperar por uma dor me carregar novamente. E assim seguirá, acreditando em contos fantasiosos que geram mais e mais dores. Minha vida é isso. Sinto as dores. Pego-as e por último coloco o fogo nas chamas que tu soprava em fronte a meu corpo, que antes geravam desejos e prazeres... agora a dor fica. Endurecido, como a vela que seca na bela... mas agora essa dor gerou uma cicatriz... e decido levantar. Seguro minha p