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Mostrando postagens de outubro, 2021

Impermanência

Babe, um dia tu olhou no meu olho de maneira curiosa. Um dia, tu olhou no meu olhou dizendo, colorida, quantas cores tu tens... E fosse hoje uma memória distante, eu relembro pensando, será que ele lembra? Quando meu corpo se contorcia de raiva de um mundo que há muito está distante. Pensei acordar mais uma vez às 3 da manhã, pensando, tu me chamou baixo enquanto dormia? E não está ali. Os lados todos vazios. E eu atravesso minhas ruas como se fossem labirintos, perdida? Não, apenas não reconheço mais... tudo tão distante, uma penumbra na minha visão, embaçando a realidade. Estou aqui ou estou além? E estou brincando com muitos ao mesmo tempo, então brinco, eu dou risada, é o que me resta. A impermanência. Nada fixo. Tudo é fluidez e desintegração. Nada pertence... Não é isso? O circo e círculo da vida? Um dia a pressa consome as horas e meu telefone vira o depósito de números que nunca quis. E meu castelinho flutua, como que conhecendo os pequenos mundos que vislumbro lá em baixo...

Esvoaço

Eu nem sei mais me iludir te olhando. Olhei e logo passei na tua linha delineada e farsante, me conta, no falsete de uma valsa rodopiante e danço, tua mão me segura e me liberta para voltas sem fins, sem começos por todos os lararós de minha mente misteriosa, imagino, aflita, que amo demais essa paz interna de esperar por eu, meu eu, que nem sou mais além de eu por todos os lugares, eu, me perdendo de eu para mim. E tanto ego, tanto espero, e me levo a sério e depois me controlo, e depois eu me recomeço, e eu preciso desse tempo, meu tempo. E as estrelas me aguardam, ao lado do oceano azul do teu olho. Do céu, digo. Digo, céu, meu céu azul acinzentado, verde esmeralda de ilha que finda. Um azul tranquilo, cheio de tempestuosos pensamentos. E canto. No teu canto. O teu ritmo. No meu. Eu. 

O produto

Eu te experimentei. Me alertaram: cuidado! Uma peça quebrável, eu respirei bem pertinho do seu corpo. Uma peça quebradiça, não deve viver em mãos desastradas. Cuidado, novamente, diziam... e eu meio solta, meio leve e meio louca, dancei a valsa dos fúnebres dos sentidos. Congelei meu pesar, levantei a cabeça e segui pela noite, buscando o luar. Que bela noite, seria cinza, chuvoso, mas só há um vazio na sala: dois pares de olhos que se encaram, refletidos. Não sei meu valor, pois busquei na praça errada. Busquei então as dores: uma dose de tequila e outra de whiskey. Não quero a dor se não da ressaca, pois a cabeça flutua por todo o dia. E mesmo que não chova ou seja cinza, eu ficarei embriagada, pelo resto do mundo. E não, sem alcoolismo, às vezes as palavras me embebedam por si só. E imagino, que mundo colorido, aqui, apenas aqui, não me sinto só. E só sigo, por opção? Sim e não. Um produto tão frágil, tão magoado, tão quebrado, tão deixado em poeiras por anos... será que ainda funci

Chega

Duas almas no palco: dedilham as cordas de um coral feito para um cowboy pouco provável. Seria apenas um pequeno espaço físico que nos redirecionava aquele momento? Como? O que faria ele, ali? E gritavam os roucos pela noite: hey, hippie, uai, own... É. Apenas chega então, a sensação... a mesma... da aventura que está por vir, num outubro de vista chuvosa. Uma promessa como leveza de asas a bater... num beijo de cílios.