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Mostrando postagens de agosto, 2013

Quando foi a tua última primeira vez?

A primeira vez que tu caiu no chão por tentar subir numa árvore? (ela era tão grande, tu seria um conquistador) A primeira vez que tu correu com galochas nas poças de água? (era fim de tarde, todos corriam pelas poças, e tu fazia questão de se encharcar por completo) A primeira vez que fugiu de casa num dia chuvoso e chorando? (uma discussão qualquer e tu se vê fugindo) A primeira vez que tu descobriu que só teu cachorro era realmente amável, como nenhum outro ser? (seres humanos, tão humanos...) A primeira vez que tu jogou a pedra e ela quicou mais de uma vez no lago? (e viu que os tamanhos das ondas eram diferentes) A primeira vez que tu falou sozinho em frente ao espelho? (tu sendo social consigo mesmo) A primeira vez que tu descobriu que inventou o próprio idioma? (um mundo todo teu) A primeira vez que tu apostou uma corrida ao contrário e ganhou? (inventando regras de novos jogos e que se vão...) A primeira vez que tu surpreendeu alguém ao deixar um bilhete? (afin

Fragmentos

Repousava sobre um balcão suspenso ele: amigo de todas as horas, o meio pelo qual a alegria da noite é transferida de um interior à outro de maneira mecânica. Aplica-se força, movimento e vontade. Se derrama de uma garrafa 600ml o líquido precioso ou uma de 500ml a fonte da vida. Não sei o que ele continha. Alguns presentes ali não o percebiam como era importante, ele o meio pelo qual muitos encostavam os elmos vasos comunicantes para satisfazer a vontade coletiva de parecer se encaixar nos meios sociais. Troca de fluídos e ideais, baboseiras sem fim ou simplesmente válvula de escape interno. Não sei qual era o dele e não importa nem a mim e muito menos a ti, leitor. Enfim, o desastre depois de uma noite inteira é deixá-lo quebrar, despercebido e insignificante. Há quem me dirá: "eu nem preciso dele, um copo de vidro é só um copo de vidro, bebo do gargalo, sou homem ou muito mulher!" Ok. Nem tudo funciona assim, simplesmente alguns precisam do copo como uma cultura anti-bact

sem nome

Bebíamos chá na casa do Pepe, segundo ele, estar sem álcool em casa naquela hora da manhã aliviava o peso de ter enchido a cara até aquele momento - uma vida inteira de porres.  Era um fim de mundo, o mais legal que irei lembrar: ligo pra Sue com medo das próximas quatro horas se tornarem apenas mais quatro horas. O mundo acabando deveria ter alguma aventura, nem que fosse beber na sarjeta. Porém, beber. - Tu sabe aquele bar lá perto do centro, indo pro Morro?  - Sim, mas não lembro como chego... - Temos um caminho certo? - Certo. - Então temos tudo o que precisamos. Passo aí em 23 minutos. A estrada estava movimentada. Todos realmente estavam saindo pra rodovia naquele momento, provavelmente seguindo o mesmo intuito: estar em algum lugar que não ali, em casa. Penso agora que fui ligar pra ela mais com intenção de estar. Incrível como alguns seres são benéficos para nós. Bebemos muito mais do que apenas o líquido em suas companhias. Bebemos na verdade o estado de es

Nu

Quando os olhos estão secos, o gosto na boca amargo, o café não faz efeito, os suspiros não existem. Quando as vozes do interior clamam o que não existe mais. Alguns conseguem levantar as mãos sobre a face e se esconder entre elas. Eu me dou para o tapa. E não grito. Eu vivo a dor. Eu choro por dentro. Eu sou forte e não sou o que falo, nem pareço mais o mesmo sujeito. 

Ciclos.

E o destempero castigava suas rodas, desmanchava seu ferro junto ao tempo. Ela se movia com certa ajuda, apesar de ter total autonomia no desempenho. Eram 39 anos de vivência. Eram 39 anos e minutos pelos ares. Paravam cansados pelas sarjetas e pelos meio fios. Ela nunca fora de andar só, sempre fazia parte de alguém e, volta e meia, seguia em grupos. Ela era camuflável no seu lar, fazia parte do ambiente na rua. Ele a bajulava, a acariciava, por vezes, nem sempre funcionava. Devido ao destempero inicial ela o machucava, quase sem razão. Os motivos não levavam a lugar algum, talvez aos hospitais de plantão, e nem suas desculpas de si mesma a faziam mudar de lugar, ela queria andar, sabia disso, mas sabia também que necessitava dele. Então ficava imersa em si na espera dele, jurando nunca mais o fazer sofrer e se culpava. Ela não era única, via as demais o tempo inteiro. Desfilavam a dar gargalhadas em suas formas. Elas tinham mais sons, algumas mais barulhos e outras mais sil

Evite filas.

Que me espante o tempo passado! Sou tanto e sinto muito, mil desculpas por mim não! Imensidão de ser nada, pena, amada... O tempo corre e a tinta acaba. Lágrimas correm na rua, na calçada. Sob teus dedos encravados, há o corte da navalha: foram os gritos, das angústias e as lamúrias. Peguei-me a tempo, penso: Tempo vai, foge e volta. Que o Nada fique, eu não estarei. Evitando fadigas.