Na tarde de ontem descobri que apesar de me ver sentada sobre aquele pano, naquela almofada que estava acima de um manto e que estava em contato direto com o chão, eu não estava sentada ali sob aquele chão. Não era eu ali. Eu era um corpo imenso que devido as aleatoriedades de uma vida estava se encontrando defronte a uma parede. E defronte aquela parede havia uma janela. Defronte à janela havia mais uma parede cheia de janelas. Paredes de formas e tamanhos quadrados, sempre gerando mais e mais paredes e janelas e quadrados e cimentos. Hoje de tarde eu percebi: eu estava numa parede sendo uma janela. Era eu a janela! Eu sentia a poluição repousando sobre as cores lascadas pelo tempo de uma antiga tinta . Sentia também o vento empurrando cada grânulo de poeira a se amontoar sobre as frestas que eu tinha deixado criar em mim. Feio e sem vida, eu fazia parte daquilo. Desocupava cada pensamento numa amplitude lisa, inquebrável e mais perceptível. Eu estava observando através de t
a que surgiu primeiro.