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Mostrando postagens de outubro, 2020

Meu menino, meu leão

Boa noite, meu bem... durma como nunca antes. Feche os olhinhos, meu menino. Meu carinho nunca esquecido... Durma, descanse... enquanto isso estarei aqui tentando deixar todo o mundo que construímos em pé. Ainda te aguardo, querido e gentil, ainda aguardo ansiosa teus mais viciantes suspiros que, sem fôlego, era capaz de me levar às nuvens e de lá descobríamos o que nos deixava completos. Boa noite, menino, que ainda sem conhecer sua força, arrebentou meus limites. Explodiu meu mundo tanto quanto me deixou completamente feliz. Meu completo amor: de mau a pior e do bem ao melhor. Você, descanse, agora, descanse... não esqueça... um rugido no peito sempre terás. Sempre, até cansarmos dessa vida. Até que tenhamos crescido e amadurecido, como belos abacates verdes, que verde, não é sinônimo de não estar pronto, mas justo o contrário. Seremos eternos verdes. Belos verdes que me deixou... ainda, penso ainda nas nossas cores, numa tarde que nos pintamos em nossas almas... com tinta, suor e pa

O diário do Peixe Morto - Dia 1.118

Eu não estou preparada. Não estou! Ontem eu comi duas maçãs verdes e ambas estavam podres. Onde está meu peixe? Queria meu peixe de volta, não devo comer tantas maçãs, se meu peixe estivesse comigo, eu não deixaria nada mais vivo e verde se aproximar! Meu peixe morto, onde andas? Onde nadas? Acredito que matar seu próprio peixe morto tem suas vantagens, mas hoje acordei pra morte da vida: ele se foi. Estou sem meu peixe, abandonada, estou só. E ele, que deveria nadar por aí sacudindo suas rabanadas por todo bairro, olha que bela rabanada, diria eu! E nada de nada de peixe ou de água. Não chove, tempo seco. Culpa de quem? Provavelmente minha mesmo, que abandonei meu peixe morto aos cães. Deixei ele apodrecendo sozinho, ao invés de matá-lo certeiramente, como supunha certas revistas mirabolantes sem sentido! Vamos, preciso pensar e escrever e dar conta de todas as certas horas de presenças e não presenças, virtuais ou não! Onde andas, peixe morto? Diria eu, se te tivesse batendo sua caud

Breves passagens

Ontem eu acordei suspirando. Estava suada, meu corpo inteiro transpirava um fétido cheiro de suor adormecido, cheio de febre e doença, como quando éramos crianças e após noites febris, seus lençóis criassem aquela camada de suor e pele. Nojento. Mas era apenas um suspiro, breve e que me remete àquela época. Ainda sinto uma presença perto de mim, e quando acordei a senti. Essa presença, como assombração, me remonta a todos os momentos que me trouxeram até aqui e, cheia de ansiedade, desejo continuar e decidir o que fazer. Diminuir escopos. Aumentar abrangências. Ser aceita. Por mim. E aí, nesse meio termo, me confundo. Permiti alguém se aproximar, mas logo afasto, foi mais um deslize. Uma vida cheia de deslizes. E levanto. Levanto e me olho e digo a mim mesma, não, não é deslize. Mas é sempre difícil aceitar que não há momentos corretos, só breves passagens.

Para seu melhor amigo

Pegou ele, logo pensou no seu peso. Era robusto, aveludado. Uma peça cara. Virou entre os dedos aquele pequeno e simples objeto. Pensou em todas a vezes que não conseguiu se expressar por ali. Tão simples. Tão ancestral... na era mais primitiva, usavam-se os dedos. Antigos passaram a utilizar meros pedaços de madeira ou rocha, com o descobrimento do fogo, um simples carvão também servia. Então ele logo começou a ter um novo sentido. Ele, leve e preto, aveludado, lembrando a ancestralidade de um carvão. Poderia ser utilizado num pequeno objeto que interpretava os movimentos, não mais na areia ou pedra, desenhava-se por sobre uma mesa digital. Simples anseio de expressar-se. Simples. Tão intrínseco a seu ser selvagem que durante centenas de anos nossa espécie se comunica, nem percebeu que o usava como sempre aprendeu, o apertava, agarrada na essência de que logo iria o deixar ou ser deixada. E deixava ele, desistindo de tudo, não sendo suficiente mais pra ele. Se desapegou de seus traços

Ele, o melhor do mundo

Para ele, que foi o melhor e sempre será. Sobre a pressão dos dias que me foram caros: só me arrependo de não ter tido capacidade de te dizer fique, preciso de ti. Fique para podermos apreciar mais dias leves, os dias leves que tu me deu naquele caos. Porém, vida segue e eu jamais desejei prender outrem, então apenas sorri e deixei ir. Essência é isso. Eu não costumo segurar, mas não quer dizer que nunca o fiz. Segurei e mordi muitas coisas que não eram pra ser só minhas. E tudo bem. Agora, sim, tudo bem. E não quer dizer que foi suave passar por isso sozinha, e descobrir novamente a solidão agradável que é poder escrever novamente sobre coisas aleatórias que me vêm de memórias ou de momentos fugazes do meu cotidiano. Dói ainda ver meus planos acumulados, mas não mais sofro por antecipação, ao menos tento fazer o que consigo para o momento. Nem sempre te vi sendo a figura amável. Nem sempre te vi sendo aquele herói que carrega na armadura o amor de todo povo. E muitas vezes te vi sendo

Lista de ingredientes

Oca Era a maloca da minha loucura Cheia de espaços assim com sons surdos E vastos ecos   Paçoca de doce sabor,  amendo-nutri-energético que me sustenta manhã adentro Revirada em amargor   Cobertura cremosa, doce pessoa que virava olhos ao céu e cabelos ao léu Que parecia um véu de ternura Molho De cor rubi Tão forte quanto apimentado Me batia o peito Como boas paixões o fazem   Milho Coitado, amarelo estava E nunca mais o vi Graças ao senhor Que me deu bom senso de fugir   Bolo De formiga dentro Que me invadem a casa Os cantos As rimas e me dão força Por ser também assim, pequena   Açúcar Era só para adocicar O já doce da vida Que vejo em teu olhar Paralisado num tempo longínquo   Cana Que faz minha cachaça,  De álcool às vezes ainda Respiro, mas menos Muito menos que outro dia   Pinga Cachaça Vida Desgraça Rapariga Morre Corrida Respira Transpira Revolta De volta Cai Cochila Mochila Carrega Carga Mata Selvagem.  

Não sei se é, amor.

Era uma noite calma e tranquila, o céu estrelado emoldurava uma bela lua alaranjada. Ela olha para o céu, observando a beleza que não se constrói sozinha, mas com seus conceitos. Deseja apenas conseguir seguir adiante, ansiando por uma hora mais tranquila, com esse tempo que emana a sensação de margaridas tocando a pele. Essa mesma sensação que a faz sorrir, boba, um sorriso torto, como que não querendo se ampliar para não acabar. Lembra que flores são dadas aos mortos. E ri disso. Nessa sociedade, flores são dadas para conseguir afeto e para lembrar de entes queridos. Efemeridade arrancada da terra para breves momentos de beleza durarem. E breves momentos de dor, assim como os de amor. Há quem diga que flores representam em suas cores motivos: amarelo é amizade, vermelha é paixão, branca é paz. Sua flor azul nunca chegou e aguarda imaginando seu significado. Não que eu queira dar sentido a tudo ou a estar em controle de tudo, só por escrever por ela. Mas azul é infinito. Como minha fi