Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2021

Enjoo

Vomitei. Vomitei um último sentido. E ele me deixou livre, pois todo espaço que se cria internamente se deixa cheio. Não comigo. Comigo eu preciso desse espaço vazio. Livre. Leve. Solto. Sem cobranças. Não, não me provoque. Eu não nasci para ser uma pessoa presa. Minha liberdade é querer ficar. Tu é atraente suficiente para me deixar ir? Se sim, eu posso ficar, se não, nem começamos meu bem. Eu quero o ar. Tu quer a terra. Dizem que terra é material físico para o corpo. Dizem que ar é a ausência da forma, a fluidez e leveza desse elemento. O que busco aqui? Uma clareza desse tato. De ser ar. De tu ser terra. E de nossa interação, será que teremos como nos conectar de maneira mais profunda? Ou seremos indefinidamente dois mundos distantes pela estranheza do medo de se abrir ao novo? Estamos machucados demais? Não acredito que ficaremos assim para sempre. Um dia irei soprar pela tua face palavras abafadas por calor. E neste instante estaremos... unidos. Mas será que ficarei enjoada antes

Valsinha dos sem palavras

As cartas estavam guardadas dentro do roupeiro. Colocadas em ordem alfabética. A cada letra, uma folha suave de seda separava a fileira. Eu ficava abalada toda vez que via esta ordem, pois no fundo, eu me sentia caótica. E a ordem chegava como para refletir o contrário. "Tu é contradição, moça", disse ele de maneira muda. Ele é viciante. Me disse que eu era esquisita. E ficava altas horas me olhando. E me deixava encabulada. E eu sumia em silêncios nunca ouvidos.

O conto do Besouro

 Besouro de pernas para o ar. Como um pequeno ser, implorando a ser recolocado em sua postura de ser vivo. Me disseram que ele não nasceu para matar. Que ele não queria ser aquele ser que um dia adentraria pela janela e, como uma lufada, criaria aquele caos entre os lençóis. Entre um rosto levemente rosado e austero de um recém nascido. Onde com grandes bolotas verdes, ou seriam cinzas? Ele sorri, sem se preocupar ao inofensivo ser humano. Um besouro verde ele seria. E quando uma guerra chegasse, ambos estariam marcados por aquele momento íntimo. Um levava a mão ao outro, sem nenhuma preocupação com seus corações.

Sem fôlego e vermelho

Como foi seu momento, na hora que descobriu que sua garganta iria parar de permitir o ar passar para os pulmões? Como você sentiu-se após perceber que ele te encarava, te segurava, enquanto continuava sua respiração frenética por cima de ti, vermelho, cada vez mais vermelho, ele ficava perto de ti. Com olhos vermelhos. Ou seria seu cérebro ficando vermelho, devido à falta de circulação? E tu iria o informar um dia? Tu contaria um dia? Ou diria, olá, eu sei que mal começamos, mas eu tenho que te dizer, não estou pronta ainda. E olharia no rosto dele, peludo. E diria, desculpe, preciso desabafar. E sei que carrego demais. E sei que não é fácil achar alguém pra sorrir junto. E quando eu encontro, eu me sinto tão livre que deixo logo ir, como se fosse errado alguém de fato realmente querer ficar. "Tudo bem", eu repito, tudo bem, pois ele um dia de olhos vermelhos me disse, tá tudo bem, não conte a ninguém. E não, não foi um só que me disse, foram alguns durante a vida. "Tá t