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Mostrando postagens de maio, 2022

O vencedor Mor

Eu te odeio, - sua dramática. Pois te amo, - seu falsiano. E te odeio, - mentiroso. Te amando, - vai ficando. Quando dá mudança, - eu viro caos. Eu pasmo, - nem me surpreendo. Reviro olhos, - adoro tuas expressões. E te soco a cara, - seu panaca! Na mente, - me dá um beijo. Tu mente, - é necessário. Que é até logo, - ou nunca mais. E nunca mais, - não saberemos amanhã. Vira uma esquina, - e o petróleo queima. E ao vencedor, - o melhor troféu. De rimas, - toca mais uma canção. No meio do teu olho, - vejo tudo ao contrário. Olho, - tu fecha os olhos ao cantar. E não tem mais, - acabou minha playlist. Linhas, - tu sorriu? E não tem mais, - comeu tudo. Perdas, - foram precisas. Só resta temores, - tu me arrepia. Um só, - mais um só. Temo, - será mesmo um só? Que o vencedor, - em uma briga de egos, são feridos nós dois. Dois ganhadores de coisa mais linda, chamado a... Mor.

Que deixe-me

Eu jurei nunca mais. E nunca mais me permito mudar pela visão do outro. Não mudo mais não, dói ser outra. Ser o que se anseia para suprir buracos que nem o outro sabe o motivo. Eu busco entender a mim. E vejo com mais clareza a cada dia, uma luz própria mais e mais forte. E dói ser eu... não me diminuir aos sarcasmos da leveza alheia. Eu não permito mais brincarem com minhas dores. Não permito mais me dizerem que devo ser infeliz. Eu nasci para amar do meu jeito. Aceite ou deixe-me. Se não, vou-me eu... e vou mesmo, sorrir alegre, boba que sou. Boba que preciso ser para viver, se não, que morte terei? 

Forquilha

Ele olhou pela janela e me disse oi, tudo bem? Vi seu sorriso esvair aos poucos, enquanto via minha face sumindo na penumbra da noite. Noite cheia. Sentidos atentos. Sua mão passava na minha perna, meus lábios congelavam palavras pelo ar. E na sua face a expressão do terror. Um aviso, disse, e nunca mais. E não soubemos lidar com vazios. E minha cama está fria. E meu pé frio, mais quente. E nada disso, diz ele, vai mudar os fatos. Que de fardos estou cheia, completei. E nem a rima mais tinha graça, pois temos aqueles caminhos, dois deles e até mais, que temos que rumar. E eu fui enforcando os meus, pouco a pouco, sem me envolver muito, para não pirar.  E logo logo, meu amigo diz, eu também irei mudar.

Tal e qual

O peixeiro viajante me contou pela manhã que seu peixe divagante era escrito pelo Sinhô, letra garrafal, rebolando sua escama pela praia, deixando na areia rastro de anzol. E dizia ele, que o peixe se chamava TALEQUAL, um sabor sem igual, feito com miúdos da melhor espécie do quintal. Fora duas horas de conversa, ou apenas duas quadras, não lembro se eram duas para cinco ou se fora a tarde toda. O Sinhô, muito sorrisos, me lembrou sua banguela, que idade será ele carregava, naquele olhar cortado de gargalhada? E me dizia, sua filha vem hoje pro jantar, um namoradinho novo para apresentar, senti uma dó no peito, não entendo mais nem isso, que dia de Talequal, para morrer comido por gente desconhecida!

Me disseram que o tempo cura

O meu quarto tem duas tintas diferentes. A do quadro que compõe a tela que pintei de um mar inventado e a tinta de parede. Azul e cinza. Na noite, escuto pequenos movimentos de ondas ao longe. No meu quarto tem três portas. A de entrada e duas de correr do armário. Dizem que números ímpares compõem uma rima perfeita. Dizem que se eu gostar de figo tudo fica bem. Dizem que se tu te esforçar tu vence. E dizem que se tu conquistar, ainda não ganhou o suficiente. Vim para praia de carona. O pneu não cantou. O vazio do banco ao lado era pesado, me fez lembrar tombos demais. Acho que nem o vazio do espaço é tão pesado dentro de mim. Aí, me lembro: escolhas demais. O vinho é amadeirado, e leve. Acho que sempre gostei de tons rústicos com notas de violino. E cordas que agridem a alma. Acho que não suportaria gritos, mas os silêncios são piores quando penso em ti. E por hoje, termino esse texto, pensando, que amanhã é outro novo e belo dia, para sorrir pro vento, que quem sabe, tu sentirá també

A demência

O jovem Werther um dia foi lido pelo meu professor de literatura: de maneira enfática, ele subia nas classes, gritava e se emocionava, era o desespero do desamparo daquilo que lhe faltava ao jovem personagem. Eu lembro que uma cena desse livro, ou talvez de outro, mencionava com sensualidade o movimento de uma cortina, e como o ar quente de uma simples noite luminosa, dava a sensação de paixão ao texto. Lembro como esse professor, ou outro, que as leituras e interpretações dos textos começaram a se amadurecer. Uma cortina agora poderia demonstrar curvas e vai e vens que vão além da figura objeto. Lembro bem que foi assim que me apaixonei, silenciosamente, por um colega da classe. Todos os dias ele sentava ao lado direito de mim, mas uma fileira a frente. Obviamente percebia que seus cabelos ondulados e escuros estavam cheios de um creme que até hoje lembro como lavanda (e bem poderia ser qualquer outro, já que meu olfato nunca fora dos melhores, felizmente). Comecei então minha paixão

A fantástica fábrica de corações partidos

Ela era muito grande para caber em um castelo, por isso criaram a palavra. As suas narrativas contavam sobre mundos distantes, e a magia contida nas rimas, seduziam as mentes sonhadoras. E eu era uma dessas, que acreditava piamente que tudo acabava bem, quando acabava. Então, ela surgiu por entre os montes verdes. Uma anestesia de pedras, com esteiras e canções ritmadas do trabalho quer era mantê-la. Foram meses sem paz. Foram muitas palavras ditas e eu fui me afundando, aprofundando, digo, era intenso os sonhos. Até que ela surgiu, fantástica, carregando entre dedos, um véu manchado de sangue. E a promessa de uma bela vida. Uma espada atravessou a carne ensanguentada e partiu em dois a flecha do cupido. As penas ficaram espalhadas em cada ser vivo pela terra. E hoje nascem apenas meio sonhadores, e até o fim dos dias, ninguém mais sonhará...

Era tudo ficção

Nasci triste, tanto quanto o orvalho no carvalho. Cresci devagarinho, para não assustar nenhum passarinho. Fui abrindo gavetas e saíram voando aquelas velhas cartas que um dia te enviei. E mantive todos os rascunhos aqui. Restando apenas um pequeno custo de selos, que acumulei sem postar. E provavelmente Pocahontas tinha um efeito mais legal, talvez a tela branca agora me atrapalhe. E ontem, disseram, já foram todas as besteiras ditas. E os graves me cegavam. Tu já usou tuas calças jeans hoje? Ou foram moletons cinzas que preferiu? Tu está vivo? E as perguntas retornam, frenéticas num pensamento sombrio: estou eu viva? Ou imagino novamente os leves beijos de pálpebras sobre minha pele? E um oceano nos separou. E em breve pegarei meu barco para te dizer adeus, definitivo. Pois ainda te escrevo. E mesmo sem dizer um até logo, já sei que o nunca reina. Até nunca mais, meu amor fictício.