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Mostrando postagens de julho, 2019

O silenciar

Silêncio é feito de               espaço delimitado entre: não ações e solidão. De uma pessoa que abstém-se de proclamar a palavra. No vazio e Na ausência e Na opressão Junto das submissões do pensamento.

As minhas mortes de eu mesma

Eu mesma, sim! Morri ali, veja: quatro braços, dois deles em formatos alienígenas, uma mão que continha um grande dedo em bolota na ponta, umas perninhas pequeninhas e uma barriga gigante seca de fome. Os outros membros eram bem normais até. Ah! Os olhos! Eram fossilizados, sem cores, vidrados com a morte já ali, se expressando naquele além que não enxerga mais nada. Depois, ou antes? Não tenho certo na minha memória, ela está velha, deve ser porque de fato, não tenho como lembrar mais se esses bichos vivem comendo o que resta de mim. Ah, sim... essa consciência sobrevive até quando, finalmente, terei fim da forma física. É uma boa maneira de medir esses esforços de academia, boa alimentação... Espera, um instante. Tá bem, voltei. Como ia dizendo... eu morri. Sim, eu estou morta, mortinha. Quisera eu ser tão viva quanto esses teus olhos, estimados leitores! Que brilho vívido vocês me deixam! Só ofusca a mente, nem sei quem são. Quem são? No que segue da narrativa, depois da morte, é s

Assombrada

Era uma casa assombrada. No segundo andar: dois quartos e uma suíte. No terceiro: uma sala de música, uma biblioteca, um grande escritório. Escondido no corredor: uma entrada para o sótão. No térreo: uma dispensa, uma grande sala de jantar e uma cozinha em conceito aberto. O pé direito, enorme, subia além de três metros. As janelas eram grandes, quase encostando no chão. Detalhes de madeira nobre. Ao redor de um de seus lados, a casa assombrada mantinha uma varanda, capenga e cheia de vento. Ele entrou com a chave escondida sobre o capacho. Rangeu a porta abrindo poeira acumulada. Os novos ares chocaram-se com o ar de décadas. Fez-se um clarão difuso. Fumaça e luz. Partículas. E então, até hoje me pergunto o que aconteceu com ele ao adentrar. Nunca mais se falou dele. Ninguém mais chamou por seu nome. Um completo estranho hoje está perdido na casa assombrada. Ela se sentia assombrada. Em segundo plano: ficar e continuar suas costuras. Em terceiro plano: realizar suas peripécias. Nos

Ama-te

Não fique aí guria! Tá vendo não? É não, pra nunca mais. Não demore aí, filha de Frida! Enxuga a sílaba! Sem mais a. Não há mais grito ou dor. Se aconchegue... Nesse novo desejo E, se entregue! Nas brisas novas, logo além, do teu amar-te.

Alívio

Ali, vivo. Disse o senhor. Apontou o dedo enrugado, dobrou a folha, mascou seu tabaco. Era sua sétima frase favorita: "Ali, vivo". Falava ao vento, para quem quisesse ouvir. Seu nariz sobressaia naquela barba toda, meio roxa e grossa de sujeira. Marcas de antigas rugas de sorrisos e exclamações perpassavam a pouca face exposta. Os olhos eram vivos, cor de céu, cor de mar, cansados de ver paisagens e sedentos por ver ainda mais alguns sóis. O bafo quente subia junto com a fumaça. Ele encara as espirais e pensa. Alívio. Vira os olhos, faz um sinal com o dedão, sobe em sua nova carona e segue para o deserto. Alívio. Certo, sertão, solito e que trará mais um ou dois calos nas mãos. Que alívio, ser útil e fértil. Então pensa. Assim rima. Terra. Anota mentalmente uma harmonia. Os buracos mantém o ritmo. Duas paradas. Em uma chega. Desce do comboio. Olha o chão amarelo, encara o breve mormaço. Sente. Ajoelhado em uma entrega ao sagrado e soberbo mundo: pede a ela mais um caminho.

Confiança

Confiança: Boba fiança, dessa atitude pra outrém. Olho no olho: Não olha muito, é esquisito encarar assim... O que foi? Nada não, só olhei... Tenho costume de olhar mudo. Entre os dedos: Uma manhã de sol, entrelaço cabelos e suspiro bom dia... É bom o sono depois desse dia... cansados, quase elevados em toques sutis. Quero-te e como um pedacinho De mim em ti e (re)instala, luz de novo. Manhã na chuva: Te encaro bobamente, bom rumo... Seja feliz.