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Mostrando postagens de maio, 2013

A ironia do Balalaika.

E era o dia. Quatro horas e trinta e sete minutos de espera. Levantei, peguei um casaco, olhei-me no espelho, contemplei os fios do tecido, os laços que se criavam entre eles e a estrutura de como cada um acabava em uma ponta sozinho e individualizado. Cada fio, era composto de tantos outros itens, como o brilho, as curvas, o amassado perfeito, a fragilidade de estar unido ao outro e depender daquele primeiro embaraçamento e, principalmente, a estrutura fixa do estado de ser um fio. A finalidade de tudo era ser um pequeno e minúsculo fio. Era se contorcer, virar pros lados, se amarrar e se agarrar ao que estivesse mais próximo ou pré-determinado para a finalidade de montar um conjunto, uma peça, dentre tantas outras que eu possuía.   O fio fino, de algodão? Ou de lã? Era só um pano! Cheio de fios, fato. Fios que se sabiam de cor vibrante. E se não tivesse cor? Ou será que vejo a cor que eu quero ver? Eu estou confusa, espelho-me, me olho, me viro, me desleixo. Postura de censo com

Homem lobo.

Ele disse: continua lá, crescendo. Atrás das cinzas vagarosas... Ela disse então que era a condição de ser: Sou lunática, sou solita. E no seu sonho perdido ele a buscava no traço do braço, no pedaço da traça. O bicho nele crescia e nela se sustentava. Criava as notas da dor: choro, rangido, chiado. Ela enchia as marés: espuma, bolhas, ressacas. Ninguém que se considere tal monstro, lembra o começo. Ninguém que sente tamanha monstruosidade, sentirá a transformação. Só se vê ali no balcão, rouco a cantarolar "uuuuuuuuuuu-uá" "aaaaaaaaaaa-aú" E o povo, controverso: "existe? Não!".
Eu não consigo amar integralmente. Não consigo lidar a vida formalmente. Há chatisse demais no sério, e também muita ironia no amor. O amor foi o fardo que tu escolheu, teus pesares de sentir qualquer coisa do outro. O sentir demasiado, o totalmente, não importa quando a hora, nem de quem vem o primeiro eu. Se há casa ou teto de rua, o importantre é sentir. Mais, mais, mais. Quero o não, o não estar, o não estou aqui e nem aí. Sou o bobo da noite, o tolo a falar: Sinto muito, menos...
Eu estava fazendo uma releitura dos meus rabiscos e, subitamente, veio esta observação: o som feito com compaixão, mostra teu íntimo. Segue: "Tratar algo assim somente os sensitivos o fazem. O toque era suave e seus dedos acariciavam as curvas perfeitas como se faz na hora do sexo, na hora do que se diz por aí ser amor. O corpo frio dele agora se fazia quente. No meu ser, suspeitava que chegava ao êxtase de prazer ao observá-lo. Não era apenas um fechar de olhos, mas sim, uma entrega profunda àquele objeto. Os dois juntos faziam todo o sentido para o momento. O som começava a ritmar e talvez mais conciso me agredia de uma forma que não esperava: ele queria que eu sentisse o mesmo. Me vi em pé, aplaudindo o velho e o ar de uma vida. Era o sopro que me seduzia, a experiência de uma vida. Nunca entendi como pude sentir aquele conhecimento ao ver os olhos dele, fechados, dizer tanto. Não era agradecimento, era satisfação."

Eu morri.

Então estava eu ali, deitada sobre minha infância e no lugar que sempre volto, minha Pasárgada, onde meu Reino é criado. Fecho os olhos, os pensamentos sobre o hoje, sobre o amanhã, sobre o que não sei lidar, sobre como irei trapacear esta fase... e sinto o zumbido nos ouvidos, o não ar me esvaindo, todas aquelas bombas prometidas sendo arremeçadas sobre a minha cabeça. Sem ver, sem coragem de tentar abrir os olhos, com medo da realidade de que meus pulmões não me respondiam mais, que meu corpo nem se movesse aos meus comandos e descubro que, o que quer que tentasse sair de mim, uma alma, meu consciente ou meu ser, me sufocava ao tentar sair. Era pregada de dentro pra fora e de fora pra dentro, numa erupção interna de medo de tudo o que havia pensado antes. A não vida. E pensava apenas que ainda não tinha feito tudo, que não era possível morrer sonhando e a morte não é feita num sonho. Minha consciência me deixava, meu coração acelerava... era tanta dor do que não vivi. E com rece