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Mostrando postagens de janeiro, 2013
Aguardava na calçada, com um pequeno embrulho em suas mãos e um olhar evasivo para o lado oposto ao meu. Quando falava com ele me sentia menor do que sou e muito menor do que pensei um dia ser. Ao seu lado, não era nada, coisa boba, tola, ele era mais. Ele era apenas um órfão com medo de segurar apenas um embrulho e de ser chutado como lixo, como tantas vezes foi por outros, e cauteloso, não chegava muito perto. Mantinha distância, um metro e trinta e sete centímetros. Setenta e três vezes fora abandonado. Pelos cálculos, mais quatrocentos e sessenta e duas ainda estariam para acontecer. Magro, negro, não. Alto para a idade, saudável, assustado e fugidio. Não lembro, talvez treze anos, com cara de dezesseis. Talvez uns doze. O fato é, que voltando para minha casa o encontrei e sugeri, assim, como não querendo nada, que ele viesse comigo e me contasse a sua história. Concordou, desde que a distância continuasse e que eu lhe pagasse um pão com manteiga na rua das padarias. Após eu lhe of
Ela se levantou, correu os olhos pela parede e seguiu até o pedaço de cortina mais próxima. Enrolou um pouco as mãos no tecido e visualizou o ar noturno. Sentiu o cheiro do mofo carregar seus sentidos. Algo podre continuava naquele lugar. Se curvou para o  ar, à procura daquele desconhecido e desagradável. As revistas de super heróis continuavam na mesa, porém agora com cores menos vibrantes. Tudo parecia estar desbotando. Os carros naquele momento não mais passavam pela rua, as pessoas do lado oposto caminhavam e riam alto cambaleando suas emoções a plenos pulmões. Ignoravam os insetos que se moviam sob seus pés, assim como os pequenos barulhos de ratos na lixeira próxima. E no momento em que a garota parou para observar seu céu estrelado a risada diminuiu e seus amigos felizes também olharam o infinito. Ela continuava parada na janela, vendo a cena seguir seus já conhecidos passos. Foi deitar. Arrumou o travesseiro no centro da cama, colocou os pés sob a parede e olhou o teto. Ning