Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2013

Há um ano.

Há um ano eu: te liguei pra saber onde morava. Não é absurdo saber onde tu está e não saber onde vai deitar? Há um ano eu: olhava o céu aberto do teu quintal. Não ficava discutindo as risadas junto aos nossos amigos? Há um ano eu: saboreei o divino doce que era só teu. Qual o segredo de ser tão doce e amargo? Há um ano eu: sentava na sua grama e despencava solta pelo verde. Já caía a tarde então? Há um ano eu: via pessoinhas sorrindo, gargalhando da imensidão noturna. Não decidíamos quais as nuvens faziam formas pra entender. Aquela tarde, aquele balde, aquela geladeira, aquele quintal, aquele céu, aqueles amigos, aquele sorriso, aquela tempestade. Foi há um ano o sonho de verão? E faz tão pouco tempo que tua cabeça deitava sobre meu ombro, que lágrimas caíram, que palavras doídas precisei te dizer. Que nunca mais é pra sempre e não volta. Queria tanto te negar e dizer "tudo bem". Porém, agora acabou. Nenhuma palavra te digo que não a verdade: há

Respire.

Me sinto igual a uma nuvem: branca e leve, sem fazer sentido naquele azul todo e descobrindo que de ventos em ventos se muda de formas. Lá de cima vejo os dedos apontados para o que eu poderia ser: os corações que se quebram e me observam, as dúvidas sobre o que serei de outrem, os medos deles em mim. E tudo o que vejo lá do alto,  tudo o  que passei por eles... ficaram para trás, todos estes dedos não me param, não me afetam por mais que tentem me capturar, estou me esvaindo e ninguém virá me pegar. A conta disso tudo é que uma nuvem sempre cria uma tempestade. Aguardo uma próxima que seja mais relevante e que me reconstrua. Deitada neste espaço todo negro, aproveitando e vendo a grama verde que se descortina quando não há mais fumaça do fogo que vinha da fábrica dos homens. Os monstros que sobrevivem sobre mim, nesta nuvem ambulante e sem paradas, se agitam ao ver um novo território não habitado. E meu sentir agora é demorado em tudo. Se nada era antes, tudo é agora. Respire. Flutue

Bestialidades.

Ele: Eu realmente achava que tínhamos algo aqui. Ela: Mas ainda temos... Ele: Não, não vejo forma. Ela: Bem perto, sinta. Ele: Sou insensível. Ela: Tu não chega. Ele: Não te basto? Ela: Não sente a ti mesmo, não basta. Ele: Isso é definitivo e premeditado? Ela: Poderia ser infinito e não planejado. Ele: Será possível em alguns anos? Ela: Não vejo onde. Como? Ele: No meio da quadra, três passos pra direita meia volta a esquerda e mais um passo para trás, exatos 11 metros daqui. Ela: Estamos falando em distância ou em tempo? Ele: Eu queria acelerar as coisas, podíamos ter alguma velocidade agora. Ela: Sempre com piadas... Ele: Não consigo evitar, elas nem sempre são boas. Ela: Não entendo uma metade do que pregas. Ele: E eu não tento explicar por achar desnecessário. Ela: Não sei o motivo pelo qual ainda perco argumentando contigo. Ele: Tudo isso não te parece irracional? Ela: Nada faz sentido no fim. Ele: Já chegamos nele? Ela: Segure bem firme aqui. Ele: Tu

Fiz pra ti

Eu estou... acabada cansada desiludida bem. Minha alma quando a tenho Fica pesada Fica marcada Fica com tudo Que eu não vivi (e está aqui) A minha chama minha cama minha grama fica apagada fica arrumada fica cortada Quando não estou contigo não vejo teu sorriso não discuto proporções não meço minhas ações. Ando por impulso por achar que ando mais normal mais legal mais sei lá. E tudo que eu queria dizer neste poema  não cabe nele, pois sem rima, sem medias e sem você pra dizer que está bom, está ruim ou não sabendo opinar me faz vazia de criar a carta perfeita que te diria tudo que eu queria fazer, que seria pular em pequenas poças, desarrumar teu cabelo, te puxar as cobertas, andar de mãos dadas sem compromisso de amanhã, acordar com remela nos olhos e bafejar sem medo, cantarolar enquanto eu passo goiaba num pedaço de bolo ou fazer café forte e amargo e te perguntar quantas colheres de açúcar e rir que tudo que tu gosta é doce demais e te ouvir dizer

Sim.

Empurrão. Braços se encostaram, surpresa ao ver um e outro. Na esquina, térreo. Posições iniciais, começa o jogo: desculpas - foi não proposital, talvez acaso. Direcionamento - iremos pro mesmo lado. Conversa informal - informações não relevantes para aquela hora da manhã. Estado de inquietação - ele fará o pedido. Estado de superioridade - ela dirá não seja lá o que for. Possibilidades: - Quer me dar teu número? Não. - Que tal tomarmos uma cerveja? Não. - Nos veremos novamente? Não. - Não quer entrar? Não? - Quer se despir? Não? Não! Não! Não!