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Mostrando postagens de outubro, 2013

Tipo busca

Ele era daquele tipo que dizia ser feliz só pra não cansar os olhos dos outros. Fazia turismo na noite só pra encontrar pessoas de outros lugares. Ele era bem desse tipo. Ele era daquele tipo que pintava o quarto e dizia que era romântico. Ele era daquele que ia mas não sabia onde. Ele era daquele tipo que colocava o CD errado pra tocar e dizia que o ouvido que estava certo. Ele era bem assim. Ele era daquele tipo que pegava na tua mão e dizia vamos voar! E íamos mesmo. Ele era bem desse tipo. Do tipo que a gente pinta. Ele era bem o meu tipo. O meu tipo. Tipo aquele que se pinta e se apaga. E ele era bem do tipo que daquele jeito a gente morre. Morre correndo atrás. A gente deleta da busca. A gente cansa da busca, mesmo sendo nossos tipos.

Vitrines - Parte DOIS

Estou parada no meio de muitas lojas, refletindo e sendo refletida pelas vitrines. A rua é ampla, passam muitas pessoas aqui. Me encontro neste cenário, onde as pessoas em sua maioria te vêem, porém não te enxergam. Estava exposta aos olhares, às críticas, as suas atenções e seus interesses. E eu me modificava? Bom, no momento estou parada, em pé, dentro de uma das lojas. Eu vivo aqui faz algum tempo e tenho percebido que elas parecem estar a salvo do outro lado. Aqui dentro, a transparência que me tem logo em frente me julga a todo momento, alguns olhos me vêem despercebidos, outras pessoas desejam meu corpo, outras me olham e desejam o que possuo por cima dos meus ombros ou simplesmente o que minha cabeça contém. Parada do outro lado eu via como eles se movimentavam, quais eram suas intenções e isso causava um certo tipo de padrão. Eu fazia parte do cenário agora e me via refletida pelas projeções que eles criavam em mim. E de tudo que imaginava, eles ficavam satisfeitos, ao menos p

B. Excisional

Te explorando eu ia: sinuosas lâminas cortavam teu peito. Então teus fios eretos ficavam: nuca nua sombreada pelos panos. Carregando tu me chegava: madeiras verdes pintadas de sangue. As arfadas ainda cheias não saíam: tua boca continuava fechada. Nenhum som conseguia produzir: nem do coração e nem da tensão. Um momento eu decidi: a biópsia ficará pra amanhã.