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A ironia do Balalaika.



E era o dia. Quatro horas e trinta e sete minutos de espera. Levantei, peguei um casaco, olhei-me no espelho, contemplei os fios do tecido, os laços que se criavam entre eles e a estrutura de como cada um acabava em uma ponta sozinho e individualizado. Cada fio, era composto de tantos outros itens, como o brilho, as curvas, o amassado perfeito, a fragilidade de estar unido ao outro e depender daquele primeiro embaraçamento e, principalmente, a estrutura fixa do estado de ser um fio. A finalidade de tudo era ser um pequeno e minúsculo fio. Era se contorcer, virar pros lados, se amarrar e se agarrar ao que estivesse mais próximo ou pré-determinado para a finalidade de montar um conjunto, uma peça, dentre tantas outras que eu possuía.  O fio fino, de algodão? Ou de lã? Era só um pano! Cheio de fios, fato. Fios que se sabiam de cor vibrante. E se não tivesse cor? Ou será que vejo a cor que eu quero ver? Eu estou confusa, espelho-me, me olho, me viro, me desleixo. Postura de censo comum, de censo qualquer, me imponho de cara feia, com a minha mesma. Eu vejo o balalaika de triangulo no canto do olho. O som do fio ao vento. Balalalalalalaika. Era din e don. O fio e o tom. Eram as cores as vibranças e os acasos do conjunto. Era uma obra para se ver, e estava em mim, pois eu os possuía e os ouvia.

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