Repousava sobre um balcão suspenso ele: amigo de todas as horas, o meio pelo qual a alegria da noite é transferida de um interior à outro de maneira mecânica. Aplica-se força, movimento e vontade. Se derrama de uma garrafa 600ml o líquido precioso ou uma de 500ml a fonte da vida. Não sei o que ele continha. Alguns presentes ali não o percebiam como era importante, ele o meio pelo qual muitos encostavam os elmos vasos comunicantes para satisfazer a vontade coletiva de parecer se encaixar nos meios sociais. Troca de fluídos e ideais, baboseiras sem fim ou simplesmente válvula de escape interno. Não sei qual era o dele e não importa nem a mim e muito menos a ti, leitor. Enfim, o desastre depois de uma noite inteira é deixá-lo quebrar, despercebido e insignificante. Há quem me dirá: "eu nem preciso dele, um copo de vidro é só um copo de vidro, bebo do gargalo, sou homem ou muito mulher!" Ok. Nem tudo funciona assim, simplesmente alguns precisam do copo como uma cultura anti-bacteriana e higiênica. E mesmo isso é contestável, o que o copo possui? De qualquer modo, sei que ele já estava esfalecido sobre o balcão, em pequenos pedaços, médios pedaços, grandes pedaços sem valor a ponto de constranger o culpado: "não fui eu", ele disse. E assim, corado, escapa do local do crime. Sem penas a cumprir, sem justiça feita a noite se vai. E o que ocorre ao copo meus caros? Jogado de maneira leviana no lixo. Sem mais.
Eu sou romântica Com meu amor Esperando no quarto em fronte com taças e castiçais Não sou aquela romântica Quando eu vejo atravessar ao longe na rua segurando mãos com sua alma gêmea e eu vejo por distância você caminhando para longe dela E desaparecendo Nos meus sonhos
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