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Há um ano.

Há um ano eu:
te liguei pra saber onde morava.

Não é absurdo saber onde tu está e não saber onde vai deitar?

Há um ano eu:
olhava o céu aberto do teu quintal.

Não ficava discutindo as risadas junto aos nossos amigos?

Há um ano eu:
saboreei o divino doce que era só teu.

Qual o segredo de ser tão doce e amargo?

Há um ano eu:
sentava na sua grama e despencava solta pelo verde.

Já caía a tarde então?

Há um ano eu:
via pessoinhas sorrindo, gargalhando da imensidão noturna.

Não decidíamos quais as nuvens faziam formas pra entender.

Aquela tarde, aquele balde, aquela geladeira, aquele quintal, aquele céu, aqueles amigos, aquele sorriso, aquela tempestade. Foi há um ano o sonho de verão?

E faz tão pouco tempo que tua cabeça deitava sobre meu ombro, que lágrimas caíram, que palavras doídas precisei te dizer. Que nunca mais é pra sempre e não volta. Queria tanto te negar e dizer "tudo bem". Porém, agora acabou. Nenhuma palavra te digo que não a verdade: há um ano eu já sabia. O ciclo se fecha. Outro começa. Deixe começar um novo, não dói mais do que este que ainda tu tenta fazer girar. Nunca passa, tu sabe, mas mais coisas começam e reiniciam de forma melhor. Veja minha cara, ela é séria, mas ainda consigo rir por dentro (há! ironicamente, mas vivo). Tente isso, rir por dentro. Te explodir e morrer de verdade e dizer que NÃO! Acaba logo com estas espirais que te estonteiam e te deixam louca e embriagada pelo não equilíbrio. Tente andar de forma bêbada pelas novas coisas que podem te tocar, se deixe tocar, se abra novamente, não, não, não... faça sem medo do amanhã. Amanhã é tarde e terei que girar a chave do carro pra te dizer adeus. Amanhã é um novo ano. Amanhã ligarei o carro e vou viajar. Pegue a tua capa, a tua barraca, seguiremos e juntas um dia voltaremos no fim do próximo ciclo, que será, e eu sei, muito mais feliz que o de ontem.

Desculpe, desculpe! Faltou detalhes do dia: ele só foi lindo e sem mais.

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