Esquina da Borges e tarde de quarta-feira, de modo infernal: vejo o cara de preto, terno em corte pobre, sapatos lustrados, mas voz de cachaça e embriagado pelas próprias palavras...
- Homem é homem! Mulher é mulher!
Junte a isso o fato de segurar o livro mais vendido e mais conhecido dos povos. Não é O Guia, mas serve como desculpas para as viagens da humanidade. Segue-se aí duas ou três pessoas ofendidas. Eu entre uma delas, já que me fez referência: mulher.
Vem cá, desde quando homem deve ser homem e mulher deve ser mulher?
Conheço muita mãe que não é mãe e pai que é pai que nunca agiu como tal, mesmo devendo de. Nem por isso condena o fato deles serem o que são. Pais. Nem muito melhores e muito menos piores. Há de fato um termo que empregamos o sentido compreendido entre ser mulher e ser homem que nos justifica os gêneros. A aparência é tudo. Eis que aqui me pego na maior futilidade cabível e verídica. Tu não basta aparentar ser mulher nestes casos. Tu deve ser uma, única, indivisível, mulherzinha que não abaixa a cabeça para o que se quer, mas para o que se deve. Tu deve ser a quarentona com dois filhos indo busca-los na escola. Tu deve ser a queridona da família. Tu deve cortar o cabelo na lua cheia se quiser volume. Tu deve saber de cor todos os tons de cinza que não existem. Tu deve sapatear se teu parceiro pede. Tu deve estar bem vestida para os outros e nunca pra ti mesma. É, mulher é de fato mulher. E o homem? Homem é homem, basta por si só que nos enfia goela abaixo suas verdades. Pois assim disse ele: ame uns aos outros e glorificai a mim, o deus que sou. Homem. Isso não fui eu quem citei, foi o carinha logo ali atrás, com o livro preto na mão, entende? Não sou feminista, nem esquerdista, nem ista qualquer. Sou humana, mano. Sabe-se lá o que mais...
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