Faziam seis anos que se conheciam. Cada membro de seu corpo já havia sido tocado por ela. Ele lembrava perfeitamente quando a viu pela primeira vez: sentado em uma escada, ele tomava uma vodka com suco, imaginando quando poderia retornar pra casa de forma sóbria. Levanta a cabeça e descobre que não mais iria voltar, teria de continuar parado ali, a observando enquanto a mesma se exibia ao pequeno grupo que se formava. Ela não sabia grandes coisas, bem provável que nem sabia o tamanho do prédio mais alto da cidade. Mesmo sem muita prática em abordagens subliminares, ele decidiu a aplaudir. Ficou em pé, largou seu copo - coisa que jamais se deve fazer na vida - e a aplaudiu. Todos se voltaram para ele, quem iria interromper aquela forma única de expressão em meio a sua oratória? Ele o fez. Tomado de coragem ele o fez. Segundo ela, hoje, não estariam juntos caso o acaso tivesse sido de forma oposta. Ela estava completamente transtornada no meio daquele grupo e ele a salvou das lamentações sociais. Foi isso que a fez ir com ele, mesmo que se colocando em posição de cortejo. Foi o primeiro dia que ela, com cabelos enrolados se despiu de todas as formas para um homem: desabotoou sua timidez, desfez os nós da garganta, lacrimejou um sorriso, despiu por completo um suspiro e gritou sua sanidade. Foi assim, logo de primeira que seis anos depois ele decide a deixar. Tão rápido quanto qualquer profundidade que de primeiro plano aparentemente haviam construído. Verdades sejam ditas, cá estamos por um período de monólogo curto e eu com sono não vou me alongar. Sei que no fim de tudo, uns dois meses ou mais do ocorrido, vindo se queixar pelos queixos, pelas deixas, pelas madeixas vem ele nu me cantar a orelha, baforando suas verdades: o que tinha de errado nesse tempo todo era a nomenclatura.
- Dá onde já se viu isso, Badanha? Dizer que colher de sopa não pode servir caldo de cana?
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