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Com c.


Não há conserto. Nem com c. Nem há música que resolva o que se assola aqui dentro. Há uma ferida enorme do que eu fui. Aceite-se. Dizem as outras eus. E eu as escuto entre prantos. Estou estragada desde o dia em que me livrei do meu primeiro amor. Amor de marmelada. De verdadeiro não tinha nada. Amor que eu sentia, pleno, forte, que combateria o mundo inteiro para permanecer, não importavam as intempéries. Se acabou. Pegou fogo. As cinzas tomaram conta. Dizem que o tempo cura. Curaria. Acabei estragando vidas depois. Não sei mais amar. Não há confiança. Não há segurança. Estou destruída. Não sinto-me capaz de combater nem a aranha que se alojou no meu banheiro. Uma vida foi poupada. Eu olho minhas fotos antigas, minha força e juventude e inocência e de como tudo ficaria bem. Não fica mais não. Foi muito ódio. Foi cultivado muitas coisas ruins. Fui vencida sem nem saber que eu mesma era minha. E me estraguei. Estraguei a ponto  de me convencer que todos ficam melhor sem minha companhia. Não há mais dancinhas, não mais risadas de manhã, não mais vontade de abrir a janela correr mundo afora, vamos... está na hora! Não, espera... essa sou eu! Eu que acordo cedo. Que gosto da brisa da janela ao se abrir. De sentir tudo o que posso do dia. Eu que não suporto dormir a manhã toda. Gastar as noites só se for do lado da fogueira, consciente. Leve para aproveitar a manhã seguinte. Então... ainda há esperança?

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