Sobre a pressão dos dias que me foram caros: só me arrependo de não ter tido capacidade de te dizer fique, preciso de ti. Fique para podermos apreciar mais dias leves, os dias leves que tu me deu naquele caos. Porém, vida segue e eu jamais desejei prender outrem, então apenas sorri e deixei ir. Essência é isso. Eu não costumo segurar, mas não quer dizer que nunca o fiz. Segurei e mordi muitas coisas que não eram pra ser só minhas. E tudo bem. Agora, sim, tudo bem. E não quer dizer que foi suave passar por isso sozinha, e descobrir novamente a solidão agradável que é poder escrever novamente sobre coisas aleatórias que me vêm de memórias ou de momentos fugazes do meu cotidiano. Dói ainda ver meus planos acumulados, mas não mais sofro por antecipação, ao menos tento fazer o que consigo para o momento. Nem sempre te vi sendo a figura amável. Nem sempre te vi sendo aquele herói que carrega na armadura o amor de todo povo. E muitas vezes te vi sendo fraco e estúpido. Apenas desejei escrever para deixar meu registro que eu vou voar, peguei minha sacola, coloquei duas peças de roupas e outras que parecem ser roupas, mas estão mais para panos de chão. Eu desgasto tudo até roer o resto. E deixo tudo gasto. E não, não me importo com meus pêlos. E acredito que às vezes nosso relacionamento foi assim, desgastado. E escrevo pra ti, pois sei que me criou assim, boa demais até pra ti, que hoje já não me entende nas minhas escolhas, mas consegue me respeitar por ser diferente. Mas estou apaixonada por você ainda ser aquele cara que me deixou sonhar alto e me levava para as matas verdes e me dizia que todo verde deveria ser respeitado. E toda genialidade que tu tinha de ser aquele homem que estava sempre forte para a criança que fui, que não se abalava por não saber fazer algo, pois tua perseverança era imensa e, criativo, salvava meus trabalhos escolares com tudo que tu sabia, mesmo não vindo de uma faculdade e sim da experiência de vida. Tu sempre trabalhou duro. Tu sempre foi o homem da minha vida. Tu sempre me ensinou as coisas básicas da vida, e ainda, reconheço em ti os silêncios e os olhares que aprendi ler, puxei por ti em muito. Meu ser sonhadora é teu, pois tu dava os melhores discursos de histórias de terror no sítio. E tu me fazia querer contar elas e recontar e recriar. E tu me aguentou por tanto tempo vendo o mesmo filme leonino, que um dia desejo ter tua paciência quando for minha vez. E sim, eu te amo, não importa quais erros tivermos cometido. Espero que nossas diferenças nunca nos afastem, mas um dia irei ir e só quero que saiba, que por mais distante que eu vá estar, nunca mudará o espaço que tu conquistou merecidamente no meu coração. Esse coração que aprende a perdoar e a lutar pelo que acredita, assim como todos os dias tu o faz. Entretanto, essa carta aberta, já, é para te dar um merecido abraço, que tu estejas em paz consigo, que deixe ir as mágoas passadas, que saibas que não julgo nada, que tudo se foi como deveria ser e que só podemos controlar nossas próximas ações de forma mais consciente, e que caso novas turbulências ocorram, que saibas, estarei aqui do teu lado. Bons ventos aos próximos que estão por vir!
Para ele, que foi o melhor e sempre será.
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