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Meu castelo é nas nuvens

Te olho por sobre meu ombro. Tu me pedes para ficar. Eu te encaro, dolorosamente penso que seria bom de fato permanecer. Acordo. Olho ao meu redor, nada. Os meus pesadelos costumam ter mais duração, mas ultimamente não sonho mais. Tenho acordado assustada todos os dias. Não, não temo mais nada, mas isso é comum para sonhadoras. Sonhar algo não muito bom, é como prevenir e antecipar os acontecimentos que são do tempo futuro. Sonhar é algo bom apenas quando palpável e realizável, certo? Tenha mais maturidade, dizem. Dizem que maturidade é sobre saber lidar com os sentidos. E todos aprendem seus sentidos com o tempo certo. Eu costumava aprender rápido e talvez isso me fez perder alguns detalhes importantes, como minha intensidade de sangue nos olhos, ansiando logo eternizar tudo... e de fato, perdendo tempo demais para reparar as obviedades: o tempo não é com o outro, mas sim comigo mesma. E todas as eus. Hoje acorde e comi aquela fruta do pecado, que não era mais vermelha, tempos modernos me fazem ver novas cores. Hoje eu almocei uma comida requentada, mas toda repaginada, pois eu posso inventar o que eu quiser.  E nem sei mais o motivo de falar de comida, mas ando faminta. Ansiedade dá fome? Talvez. Mas ando me empanturrando até com água. E tudo que ouço me enche e me completa de sentidos. Até meu celular anda cheio como nunca antes, muitas risadas com pessoas importantes. Importantes e presentes de uma vida que constitui-se no agora. Amanhã ainda me lembro, mas amanhã será tarde pra pensar direito. Eu ando enganando minha vida, pois assim deixa tudo leve. E a comida me chega na boca como algo a ser saboreado devagar... e lembranças de nada me vem e me vai, pois não sei. Nada mais sei relacionado ao querer em cinco minutos, imagina? Querer amanhã é longe demais. Mas vou enganado todo mundo. Assim permaneço uma incógnita e me disfarço entre os tumultos diários. E todos apreciam pessoas enigmáticas. Ah... a curiosidade e a manipulação de histórias. Tudo de um ponto de vista pode ser recriado. Ela me disse para ter cuidado. Eu não preciso de cuidado. Eu sei quem são as peças antes delas se mostrarem por completo, pois estou vacinada contra os perfis fáceis demais. Esses que me chegam como quatro patas e um belo terno branco. O ursinho me deixou mais crítica quanto às minhas próprias histórias e expectativas. Desconfio de mim, como não desconfiar de mim? Nem sentir-se segura agora é fácil, imagina no outro. Andei quebrada juntando peças alheias por muito tempo. Agora só quero montar meu próprio castelo e se tiver uma areia para por os pés, irei fazê-lo, mas antes preciso de um manual completo e todas as plantas baixas dessa estrutura. Nada mais será construído por terrenos incapazes de manter o básico de cada estrutura que irei inventar. Foda-se, talvez eu seja corajosa e permaneça sozinha. Nada melhor que minhas próprias terras, cheias de raízes ao vento, onde crio nas nuvens e tudo se desfaz com um piscar de olhos conforme minha vontade. Meu castelo será no ar, e quem quiser terá que achar suas próprias sementes para plantar e me alcançar.

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