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Os sonatas

Um dia ele me perguntou o que eu fazia ali, sem nenhuma intenção. Eu adotei uma parede, eu  disse que ela era colorida. Os tons iam ficando azuis e embranquecendo. Eu estava de pé na frente de sua testa, meu lábios quase o tocavam. Nenhuma lágrima corria pelos nossos rostos. Cada passo dado e tomado, foi uma interpretação falsa, mas ele subiu os andares e não desistiu. Ele tinha se confundido. Ele me olhou com seus olhos verdes e disse que foi sem querer, me vendo nua. Interpretações errôneas. Como uma nota que insiste em bater, um erro novamente. Aquela tecla branca e colorida com as pretas. O som de um piano me acompanhava pela vida. uma sonata, um soneto esquecido entre a intensidade de cabelos arrepiados que subiam minha pele em ondas sonoras. Eu era eletricidade, ele era minha fonte de energia e havia sido até então a coisa mais pura da vida. Não mais. Ele um degrau abaixo, me deixando grande suficiente. Quase indo. E eu deixei ir? Não, aquele ímã, o vício. Ele não dava as costas e eu não deixei ele ir. Agarrada na possibilidade de um de nós voltarmos. Me despedi por quase um ano. Ele não amava mais. Eu estava reaprendendo a fazer isso. Me amar. Um dia ele retornará e eu não estarei aqui, talvez vá ao outro lado desse universo. Talvez meu brilho se encontrará com alguma outra fagulha que insiste em não desistir como eu. Erro após erro, nunca deixando ir e sempre lutando. Lutando de novo, pois não temos dias de glória. Nem orgulho. Não me resta mais nada além de vontade de amar. E que eu seja forte pra não desistir disso. Nem me convencerem do contrário novamente.

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