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A louca

Eu brincava e você falava sério?

Hoje acordei e pensei novamente, era uma brincadeira.

Hoje corri três metros multiplicados por um milhão e sem fôlego perdi meu chão.

Caí entre o limbo do meu próprio ego: cadeiras partidas e espaços lascados por um tempo sem sentido.

Eu não posso te amar. E não poder por si só já é algo desejável. Desejo. E não posso. Uma eterna caça de um tigre e uma borboleta. Ou seria um lobo e sua deliciosa Chapéuzinho?

Sozinha. Caço. Sozinha, despedaço. Aço. Asco de orgulho ferido. Tento em vão me polir, preciso ser brilhante, os olhos do além me observam. Mas não era esses seres de luz responsáveis por uma prometida felicidade? Os escuto? Talvez fui longe demais. Eu sempre confundo limites... Limítrofes. Eu uma menina levada que brinca entre todos os lados: o prazer e o desejo... Brinco comigo. E me elevo...

Eu sonhei em ser uma deusa, uma toda poderosa mulher feita de ouro e força. E acordei assim. Hoje, o vazio me pegou e o peso dessas joias fictícias me desalentam... não lamento. Só sofro por autopiedade. Mudança, se me desconforto, me transformo... mas aqui estou, estagnada entre agir e esperar. E espero e penso. E penso. E repenso. E penso além da conta. E isso me deixa pagando caro... meu tempo, meu alento, onde estou indo?

E a dúvida bate e as borboletas se transformam em pássaros selvagens, bicando meu interior com todas as forças. Tomo chá. Bebo e tento me concentrar, um tempo calmo, a chuva no telhado... e tento ser aqui, agora, suficiente, sem dúvidas. Plena, livre, louca. A louca que anda perto dos precipícios, sem medos. A louca que anda desatenta no futuro. E pensa, agora é minha vez, e pega sua trouxa e vai... sem rumo, só indo e seguindo aquela canção... lararis&lararós vindo ressoar no seu próprio espírito selvagem, animal, autossuficiente, descrente de amores, cheia de solitude. 


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