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Três n

Susto. Eu me peguei novamente acordada. Três horas. Essas mesmas que se repetem entre outros contos. Três. Um pilar. Um triângulo repetido. Pensamento. Ideias. Antecipação. Assim que me dei conta fui tentar cair no sofá como se não tivesse pesos. Três da manhã, três toneladas, três pensamentos. Amor, ódio, indecisão. Uma dessas drogas repetidas em ecos distantes na minha cabeça: tu vai sair daqui bem. Eu explodi o último gatilho. Eu não uso armas. Me isento de me colocar em situações desconfortáveis. Eu observadora da vida. E parei de viver. Agora preciso agir. São três décadas postergando sonhos. Por outrem ou por ninguém. Minha vez. Eu me coloco acima de mim mesma. Ego é difícil. Ego. Ego. E go. E vou. Saio do quarto. Na verdade, eu já estava na sala. Quanto tempo passou sem eu perceber que tudo é breve demais? Onde foi a intensidade mesmo? São quase quatro agora. E aprecio as três. Três batidas no vidro, eu queria tanto retornar três anos e ter feito tudo diferente. Três. Diabos de números e triângulos! Simbologias antigas me remontam um passado que nunca acaba. Sou eu o hoje, e assim não posso mudar mais. Disse ele, não mudaria nada em mim. Profundo, mas não real. Todos possuem um desejo escondido. Uma palavra que escapou em momento errado, que não gostaria de tê-la feito. Mas ninguém gosta de admitir. Essa não honestidade é bem aceita, não precisamos abrir feridas. A sociedade fica bem assim. Equilibrada na balança. Uma sociedade moldada para admitir pequenas omissões. São óbvias, universais e tudo bem. Tu sabe delas hoje? Eu não sei. Nada sei, como um pensamento antigo e filosófico. Nada sei. E admito. E nunca saberei. Nada é sabido para quem sempre aprende. E tu está no momento aprendendo ou apenas parado, imutável nas tuas três horas? Minha idade, minha insônia. Minha vontade e três possibilidades. Nem um dado posso rolar. Não tem lados suficientes para as expoentes. Tudo multiplicado. Muitas sensações. Recordo a foto. Anseio um futuro. Esqueço o passado. Imagino um agora. Nada é sonhado se não vivido. Nada é vivido se não passado. Lindas formas de dizer preciso de ti, sem nunca admitir. Preciso. Pois quero. Queria? Não direi mais. Parei, prometo solenemente nunca mais reavivar sonhos impossíveis.

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