Afundei o pé na areia. Textura cheia de aspereza. A maresia vinha como gotas de uma chuva que nunca caiu. Fiquei observando dois pequenos brincarem em uma onda, ao longe... Não via sinal de preocupação por parte dos pais. Constatei que o mar e os perigos estavam contornados apenas pelo fato do azul permitir uma boa sensação. O Céu e o Mar, numa simétrica união se espelhavam naquela segurança. O azul... Quando chovia, ficavam cinzas e, assim, o mar também. E a ira dos criadores, se é que existiam, ficavam transtornados também, como na guerra interna das relações. De qualquer modo, as crianças brincavam em paz no azul do oceano. Pequenas espumas se formavam na beira da costa e poderia ser acompanhada até o perder de vista.
O amor daquele um, o menorzinho, era uma miragem. Ele olhava as grandes construções naturais em azul, pasmo, paralisado. Amanhã ela iria relembrar aquela cena bonita, cheia de vida, numa foto em preto e branco. Ela costumava salvar os arquivos em dois tons: cor e preto&branco para posteriormente, relembrar o primeiro com vivacidade e emoção e, o último, com nostalgia e saudade. O menorzinho tinha cabelos rebeldes, não só pelo vento, eles eram naturalmente espalhados pela cabeça enorme e desproporcional apontados para todas as direções.
Os olhos dele a encaram por três longos segundos enquanto ele caminhava em fronte ao mar. Ela, distraída tentando entender a felicidade dele e ele, pasmo com a beleza não convencional dela. Ele, olha logo após para os pés, encabulado por ter encarado diretamente alguém tão bela e ela, ri consigo mesma, pensando quando teria alguém para compartilhar esses momentos de constrangimento. Brevemente, por mais bobo que fosse, ela pensou em amar.
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