Pular para o conteúdo principal

Como começar o amor?

Afundei o pé na areia. Textura cheia de aspereza. A maresia vinha como gotas de uma chuva que nunca caiu. Fiquei observando dois pequenos brincarem em uma onda, ao longe... Não via sinal de preocupação por parte dos pais. Constatei que o mar e os perigos estavam contornados apenas pelo fato do azul permitir uma boa sensação. O Céu e o Mar, numa simétrica união se espelhavam naquela segurança. O azul... Quando chovia, ficavam cinzas e, assim, o mar também. E a ira dos criadores, se é que existiam, ficavam transtornados também, como na guerra interna das relações. De qualquer modo, as crianças brincavam em paz no azul do oceano. Pequenas espumas se formavam na beira da costa e poderia ser acompanhada até o perder de vista. 

O amor daquele um, o menorzinho, era uma miragem. Ele olhava as grandes construções naturais em azul, pasmo, paralisado. Amanhã ela iria relembrar aquela cena bonita, cheia de vida, numa foto em preto e branco. Ela costumava salvar os arquivos em dois tons: cor e preto&branco para posteriormente, relembrar o primeiro com vivacidade e emoção e, o último, com nostalgia e saudade. O menorzinho tinha cabelos rebeldes, não só pelo vento, eles eram naturalmente espalhados pela cabeça enorme e desproporcional apontados para todas as direções.

Os olhos dele a encaram por três longos segundos enquanto ele caminhava em fronte ao mar. Ela, distraída tentando entender a felicidade dele e ele, pasmo com a beleza não convencional dela. Ele, olha logo após para os pés, encabulado por ter encarado diretamente alguém tão bela e ela, ri consigo mesma, pensando quando teria alguém para compartilhar esses momentos de constrangimento. Brevemente, por mais bobo que fosse, ela pensou em amar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Esteira

Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.

Romântica

Eu sou romântica  Com meu amor Esperando no quarto em fronte com taças e castiçais  Não sou aquela romântica Quando eu vejo atravessar ao longe na rua segurando mãos com sua alma gêmea e eu vejo por distância  você caminhando para longe dela E desaparecendo Nos meus sonhos

Não somos amigos

 Eu não consigo ser tua amiga. Eu juro, tentei. Eu prefiro ser nada. Aliada a mim. E eu gosto das lembranças. E eu gosto daqueles momentos, tão tranquilos. E tu engoliu a voz. Buscou paz. E eu, observo aqui, contente por ti. Tu merece toda paz do amor tranquilo. E eu? Eu aqui, imagino, se poderia ter sido.