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Você vai me contar?

Você me pergunta se eu sei a resposta. Não sei, mas abro a boca e dou um leve sorriso, esguio, na sua direção. Eu não causo barulho, com receio de te acordar, só observo seu olhar tranquilo e pesado, dormindo sem noção de que o que escondo é pesado até para um pesadelo. Eu vou quebrar teu coração, pois eu já estou no processo de quebrar o meu próprio. E te olho, com sinceridade e curiosidade, o que fazemos aqui? E me encaro no teu olho, nada, nada não... E penso que se eu contasse o que escondo, seria como rasgar a malha de um universo paralelo: desconhecidos seres entrariam, e no silêncio do teu olhar, eu descobriria todos os monstros que carregamos juntos, lado a lado, marchando a valsa de cacos quebrados sob pés ensanguentados. E você vai me contar quando acordar? Quantos corpos se acumularam ao teu lado? Quantas noites de ódio teve? Quantos pesos tu finge não ter? Quantos pesos alheios tu ainda carrega? Até quando vamos fingir? Até quando o mundo girará? O que nos faz ficar próximos e distantes? Por qual motivo preciso explicar? Quantas perguntas quero te fazer? O que acontece com teu sorriso quando encontrar uma lágrima junto dele?

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