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Ela se levantou, correu os olhos pela parede e seguiu até o pedaço de cortina mais próxima. Enrolou um pouco as mãos no tecido e visualizou o ar noturno. Sentiu o cheiro do mofo carregar seus sentidos. Algo podre continuava naquele lugar. Se curvou para o  ar, à procura daquele desconhecido e desagradável. As revistas de super heróis continuavam na mesa, porém agora com cores menos vibrantes. Tudo parecia estar desbotando.
Os carros naquele momento não mais passavam pela rua, as pessoas do lado oposto caminhavam e riam alto cambaleando suas emoções a plenos pulmões. Ignoravam os insetos que se moviam sob seus pés, assim como os pequenos barulhos de ratos na lixeira próxima. E no momento em que a garota parou para observar seu céu estrelado a risada diminuiu e seus amigos felizes também olharam o infinito.
Ela continuava parada na janela, vendo a cena seguir seus já conhecidos passos. Foi deitar. Arrumou o travesseiro no centro da cama, colocou os pés sob a parede e olhou o teto. Ninguém mais chegava. Tudo estava de uma forma que bastava.

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