A mesa treme. A rua estava silenciosa e os gritos em sua mente iniciavam em um tom grave. A primeira gota de suor resvalou pela nuca e cortou sua camiseta em outro tom. Os dedos dos pés ficavam levemente inclinados para o alto. A verdadeira parte do ser que pousava ali estava em uma dimensão diferente. Ele a pousou descansada, sentiu seu cheiro e acariciou seu contorno sem tocá-la. Foi assim que se levantou da mesa, correu para a porta e distraído, esqueceu a luz da cozinha ligada. E a xícara de café ficou parada, esfriando seu conteúdo amargo.
Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.
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