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Observação, o início - Texto UM




Ele chegou em casa suando frio, tremia as mãos. O álcool o deixava fora de si, mas fora de si ficava sem ele. Tirou sua jaqueta, pendurou no cabo do armário e olhou para a sala. Iluminada, sua mulher o esperava, linda em sua palidez na qual não conseguia deixar de ser triste. Diabos, ele a quer! Se aproxima dela e a levanta como uma pluma. O corpo dela se deixa levar pelas mãos pesadas e ásperas. Ele a pede para o olhar dela cruzar o seu. Ela treme. Ela o ignora, não o suporta. Asco. Ele a deixa e se vira enquanto... Olhando de costas, ele parece um bom homem, o homem com honra, aquele que ela casou. Ela tem a surpresa já esperada: o sangue escorre pelo seu lábio inferior no mesmo momento que percebe estar novamente no sofá. Jogada, se joga novamente no calor do momento e sem grito algum ela segue de olhos fechados.
E tudo isso eu vi pelo simples fato de achar aquela árvore de plátano um encanto.
Então ali parei e a observei por doze dias. O que ocorria? A árvore se tornou um segundo plano. Descobri pequenos truques que ela criava para se tornar menos real. Vivia um dia e depois se deixava inexistir por oito horas.
Me fiz um dia de cara legal. E iniciei meu rumo para dentro de minha observação.

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