Ele chegou em casa suando frio, tremia as mãos. O álcool o
deixava fora de si, mas fora de si ficava sem ele. Tirou sua jaqueta, pendurou
no cabo do armário e olhou para a sala. Iluminada, sua mulher o esperava, linda
em sua palidez na qual não conseguia deixar de ser triste. Diabos, ele a quer!
Se aproxima dela e a levanta como uma pluma. O corpo dela se deixa levar pelas
mãos pesadas e ásperas. Ele a pede para o olhar dela cruzar o seu. Ela treme.
Ela o ignora, não o suporta. Asco. Ele a deixa e se vira enquanto... Olhando de
costas, ele parece um bom homem, o homem com honra, aquele que ela casou. Ela
tem a surpresa já esperada: o sangue escorre pelo seu lábio inferior no mesmo
momento que percebe estar novamente no sofá. Jogada, se joga novamente no calor
do momento e sem grito algum ela segue de olhos fechados.
E tudo isso eu vi pelo simples fato de achar aquela árvore
de plátano um encanto.
Então ali parei e a observei por doze dias. O que ocorria? A
árvore se tornou um segundo plano. Descobri pequenos truques que ela criava
para se tornar menos real. Vivia um dia e depois se deixava inexistir por oito
horas.
Me fiz um dia de cara legal. E iniciei meu rumo para dentro
de minha observação.
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