Ela abre a porta do carro. Corre até o próximo elevador. Estampas nas paredes relatam uma personalidade distinta, nunca vista por ninguém. Atravessou a sala, ligou a televisão. Era sua casa? Não encontra nada para ver. Pega no sono, tentando entender onde estava, se estava. Sabe, ela acorda toda hora da madrugada, meia-noite mais cinco ou seis, penando em o amar. Chega, sem avisar. Desnuda ele de todas as vezes, não o acorda e nem concorda, apenas o desperta suavemente, o encarando como nunca antes. E não percebe, mas ela também dormia. Não entende o que faziam. Dormiam? Sonhavam? Ela adormecida ainda, não sabe se sonhava ou só lembrava do perfume. Mata e verde. E nada agora existe. Mas tudo que a rodeia é alegre. E amarelo retira os guardados do armário. Nada mais sufoca. Nem cobertas, nem olhos cansados. Apensas toma cuidado para não o acordar. Apenas deixa a vida seguir os rumos. E delicadamente, o toca, toda noite, esperando ele adormecer. Louca por o retornar em breve. Em breve. Até logo. Até nunca mais. Até sempre que desejar. Até faltar o ar. Em êxtase de alegria. Amarelo ele volta, toda manhã, agora tocando sua face que adormecida, nem sabe se cria ou se relata.
Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.
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