Não é justo escrever-te tanto. Imagino. E escrevo tu junto a mim. Assim é fácil. Tu me aconchega nos teus braços. Estamos assim: sentados de fronte a uma imensidão montanhosa, teus braços, fortes, me enlaçam e meus braços reforçam esse abraço. Tuas pernas se enroscam ao lado do meu corpo. Me sinto não presa, mas segura. E é gostoso o calor que criamos. Não, essa imagem é de um tempo ameno, onde o vento leva meus cabelos de forma leve e sem agressividade para os lados. Teus braços estão à um palmo da minha boca, e meu nariz consegue sentir teu cheiro. Não é doce. É cheiro amadeirado com frutas cítricas. Perfeito. Se eu prestar atenção, consigo sentir o sangue correndo no teu peito. TUM. TUM. TUM. Minha cabeça vira preguiçosamente. Não falamos nada. Só estamos assim, nos admirando além, como um só ser, deixando o vento levar tudo de bom que juntos criamos para o mundo.
Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.
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