São várias, disse ele, colecionando. E hoje, hoje é minha! Usou seu corpo desesperadamente, intensamente, com tudo que existia até então. Até que uma rachadura próximo a borda tornou-se impossível conter o líquido interno. Hoje ela se estragou. A garrafa tão desejada agora jaz no chão do quarto. Empoeirada como as velharias de seu pai, já falecido em memórias. Outrora, viria ele a se lembrar dos momentos intensos: onde o líquido saciava. Onde a noite não durava por ser tão boa a presença interna. Hoje, ele não bebe mais nada dela, mas a usa como objeto de relíquia, boas memórias ficam assim: empoleiradas feito troféus que não servem mais pra nada.
Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.
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