Eu te vi crescer... foram duas cascas de limão jogadas no jardim. Depois de um tempo, elas secaram e não serviam mais para colocar no teu chá. E depois do pé de limoeiro passar minha altura, eu não lembrava mais de como era seu início. Foram duas cascas jogadas no chão que me confundiram. Tínhamos nos despido de sentidos, mas o teu estar era apenas provisório. As besteiras ditas foram para confiar uma vida passageira. Na paz de uma guerra transcendental, não sentia mais nada além do teu peso e sua ausência era cheia de dor e vazio. Nada me fazia sentir aquele calor que só palavras bobas seriam capazes... nada, nenhuma vida completa teria esse sentimento tão valorizado. Era carência, como sempre é, nos infernos que nos munimos, seguíamos sozinhos, fingindo nunca ter nos tocado. O limão, amargo, agora seco, era soterrado pela terra e seguia seu curso natural. Quão belo, diria eu, é a passagem do tempo. Eu não preciso mais de uma casca apenas, quero a melodia amarga por completo. E até não tê-la, sigo só.
Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.
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