Eu não saberia te dizer, caro amigo, como eu te perdi. Simplesmente tu não estava mais lá. O número crescente subia, subia assustadoramente. Eu te pedia e te chamava e te implorava, caro amigo, me socorra! Estou rolando este documento e a conversava nunca teve início. Eu não lembro mais dela. O que falávamos? O que tínhamos tanto em comum? Eu não lembro como começamos. Era uma luz. Uma camiseta. Uma estampa? Não começamos com tantas frases? O que mudou? O silêncio está acabado agora: estou ouvindo uma música. E amigo, qual era o teu nome mesmo? Os números ao menos não são complicados: um, dois, três, e caso eu queira acrescentar algo: sete e nove. Caríssimo, tu sumiu, tu me diminuiu e tututu é o que ouço. Não me atende. O que há de novo amigo? O que novo quer dizer? Roupa, sapato, cabelo, tatuagem? E tua rotina? Tua retina? Teu olhar ainda é o mesmo? Ainda diz que sou tua? Caro amigo, escute aqui, venha me dar um adeus antes de esquecer quem tu era. Tenho certeza que significou algo para mim, só não lembro mais o que.
Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.
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