Um dia de cão, disse ela. Eram três dias cheios de amor. Amor dela para ela e dela para a outra. Um triângulo de amor, feito com carinho da pequena criança, uma menina muito criativa, dizia, que imaginava seu castelo não feito de pedras, mas de vidros, a transparência das relações. A menina corria e se banhava, enquanto a mais velha, cheia de doçura e amargura, naquela contradição atraente e envolvente, não sabia se a elogiava ou se a acompanhava nas brincadeiras. Já a outra, que não era muito definida, ficava no limbo. O limbo do silêncio e do apego. O limbo que não deixava ir e nem chegar. Tudo passava em fronte as três mulheres, que separadas estavam pelos laços temporais de uma vida. Hoje elas se encontraram naquela água salgada, esperando na imensidão do céu e mar um ponto em comum para recomeçar.
Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.
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