Eu olhei tua cápsula do tempo. Vermelha do tamanho de uma pílula. Vermelha. Ela foi tomada às 16 horas e trinta minutos. E tu ainda estava me olhando. Cápsula minúscula. Diziam os deuses que a mente do homem se esvai em luxúria. E a cápsula criada por momentos vermelhos ficavam pairando meu local de descanso. E a luz me cegava os olhos enquanto tu subia muito alto, entre nuvens dispersas. Não sei como, mas eu chorei. Raiva vinha pela face, úmida, minha cara ficava mais e mais vermelha, me sufocava como nunca, e eu deixei a máscara no chão. E tu, perguntou ele, e eu, disse, jamais viria. E lá estava eu novamente, tomando a segunda. E nada sentiu. E nada fazia sentido. Certamente a pílula era a solução. Mais uma vez, lá vou sentir, nessa cápsula repetente.
Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.
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