Ele era um sol para a manhã tardia. Não foram muitas oportunidades que tivemos de encontrar nossos olhares juntos. Eu cheirava beija-flor, ele sucumbia de amor. A palma era escorregadia e ele chorava. Nossos olhos não mais bastavam para nós mesmos. Começamos a subir pela mata verde. Ele me dizia coisas como quereres e como o mundo girava. Eu dizia que nunca era o que aparentava. E começamos na areia movediça de toques que não mais bastavam. Os toques se afastaram. Os corações estavam gelados. E o sol, sempre aquecendo, não mais chegava na pele exposta. E todos os sentidos sumiram, numa perfeição marmórea. Ela seguia leve, com seus pesos guardados a sete chaves. Ele a observava distante, mudo, com o silêncio pesado de sentir demais.
Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.
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