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Conto nada

Acho que te amo e, por isso, te odeio. Minha eterna gratitude de não querer algo bom. E mesmo não querendo, a gente atrai o que de fato quer. Mesmo quando não. E talvez então eu não quisesse tanto não querer. E se tu não compreende, não prende. Se tu para, tu ausenta. E se tu quer mesmo, tu repele. E assim, só os que de fato aceitam o que mais de puro possuem, alcançam. Nem por isso é bom, nem por isso se torna fácil. É tortuoso. Mas principalmente, recompensador.

- Acho que te vi espichada naquela tela.

- Sim, eu estava.

- Tu gosta das pernas altas?

- Não, nunca reparo em pernas. Olho mais os dedos. As unhas encravadas. É tudo sempre meio tenebroso.

- Sim, de fato, nunca são bonitos. Partes estranhas que carregamos. Tipo sentimento.

- Sim, tipo meu sentimento.

- Tu tem?

- Disseram que sim.

O computador então desligou a tela sozinho, e a menina em frente a ele adormeceu nos seus próprios braços, criando levemente uma baba que escorria no seu moletom.

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