O meu quarto tem duas tintas diferentes. A do quadro que compõe a tela que pintei de um mar inventado e a tinta de parede. Azul e cinza. Na noite, escuto pequenos movimentos de ondas ao longe. No meu quarto tem três portas. A de entrada e duas de correr do armário. Dizem que números ímpares compõem uma rima perfeita. Dizem que se eu gostar de figo tudo fica bem. Dizem que se tu te esforçar tu vence. E dizem que se tu conquistar, ainda não ganhou o suficiente. Vim para praia de carona. O pneu não cantou. O vazio do banco ao lado era pesado, me fez lembrar tombos demais. Acho que nem o vazio do espaço é tão pesado dentro de mim. Aí, me lembro: escolhas demais. O vinho é amadeirado, e leve. Acho que sempre gostei de tons rústicos com notas de violino. E cordas que agridem a alma. Acho que não suportaria gritos, mas os silêncios são piores quando penso em ti. E por hoje, termino esse texto, pensando, que amanhã é outro novo e belo dia, para sorrir pro vento, que quem sabe, tu sentirá também...
Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.
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