O peixeiro viajante me contou pela manhã que seu peixe divagante era escrito pelo Sinhô, letra garrafal, rebolando sua escama pela praia, deixando na areia rastro de anzol. E dizia ele, que o peixe se chamava TALEQUAL, um sabor sem igual, feito com miúdos da melhor espécie do quintal. Fora duas horas de conversa, ou apenas duas quadras, não lembro se eram duas para cinco ou se fora a tarde toda. O Sinhô, muito sorrisos, me lembrou sua banguela, que idade será ele carregava, naquele olhar cortado de gargalhada? E me dizia, sua filha vem hoje pro jantar, um namoradinho novo para apresentar, senti uma dó no peito, não entendo mais nem isso, que dia de Talequal, para morrer comido por gente desconhecida!
Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.
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