Valentino era um homem de poucas palavras, e disseram que Valentino não possuía muita habilidade social. Quando nasceu, Valentino tinha cara de uva rosada e por isso sempre pareceu meio amoroso. Mas coitado, não tinha culpa de ficar encabulado ao ouvir todos falando ao seu lado, que cara mais amada! E ele se olhava no espelho e nem via nada de especial, e por isso Valentino agora, adulto, não tinha nada além do amor dos outros. O seu próprio ele deixou de lado, quase que o avesso do menino do Wilde. E Valentino corria pelas ruas do planeta, gritando se amem, se amem! Como no desespero de achar o seu eu interno, e nunca ninguém sentou ao seu lado e disse, Valentino, você é um cara maneiro, deveria se amar primeiro. E assim, Valentino envelheceu, sem saber amar o reflexo do espelho.
Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.
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