Do outro lado ela o viu, estava caminhando naquele parque fazia alguns dias já. E então, como de costume, ela estava com seus fones de ouvido, pensando nas borboletas que não aparecem mais facilmente, e ele a olhou de relance. Ela passou frente a ele, cantarolando. Ela ainda não sentia necessidade de dizer olá. Decidiu, porem, quebrar o ritual. E sentou a seu lado. Ela estava ofegante. Ele transfigurava imagens. Ela batia seus dedos em sua perna. Ele sentia seu ritmo. Ela dizia bom dia e ele nem olá dava. Um pretensioso futuro ambos imaginaram. E nada de mais aconteceu no final. Ela toda embaraçada levantou, com cabelos desgrenhados pelo vento. Ele vermelho de raiva da não atitude. E o vento criava espaços. E seus braços nunca se encontraram.
Hoje acordei de manhã cedo, mas era meio-dia. Foram mais ou menos 18 horas de voo e ainda permaneço nesse espaço de ostentação e transporte. Me transporto para outros rumos, novos sabores, e ainda fico olhando embasbacada a janela do avião. Onde fui me meter? Pergunto como, sem querer saber a resposta, não sei mesmo... Não sei se foi um desejo de manter-me viva ou de provar a mim mesma que sou capaz de realizar os sonhos, por mim, ninguém mais. Acredito que seja isso. E fico feliz enquanto os pacotinhos que tanto corria atrás, agora os mantenho separados, etiquetados e bem longe para não repetir certas doses. Pacotes de embalagens conhecidas nem sempre são as melhores.
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